Conhecimentos e habilidades morfológicas e de vocabulário na Educação Infantil e primeiros anos do Ensino Fundamental

Abstract

In the last few years, knowledge about the morphological dimension of language began to be investigated by Cognitive Psychology concerning its role in the learning of written language as an important element in the structuration of word meanings. This dimension focuses on the morphemes, the smallest units of meaning in language and, on the rules for the formation of words. Some studies in Brazil have confirmed that the child in early literacy process has some implicit morphological knowledge, even before becoming aware of its existence and it contributes, independently of phonological awareness, to reading and writing. The aim of this study was to assess morphological abilities in oral language in children from Kindergarten (Infantil II) and Elementary school (1st year and 2nd year), its relation with expressive vocabulary. Two assumptions underpin this study. The first concerns the existence of implicit morphological skills prior to the literacy process, considering the implicit knowledge as perceived regularities in oral language, which predispose the explicit learning of linguistic knowledge. Another hypothesis is based on the fact that the increase of the vocabulary is directly related to the increase in such abilities and vice versa. We carried out a crosscutting study, with 24 students from Infant II, 19 students in the 1st year and 21 students of 2nd year school of public schools in the city of São Paulo. Data collection involved the application of expressive Vocabulary test (ABFW Part B-Vocabulary) by which we evaluate both the words known as the lexical substitution strategies; Neologism Production Task for the purpose of evaluating the production of new words, being expected to use of prefixing and suffixing's strategies, and a Word Definition Task with the purpose of evaluating the definition of complex words (prefixed and suffixed), as well as the use of strategies definition according to the degree of approximation of meanings. The results were analyzed in terms of the effect of grade / age on the variables, referring to vocabulary and morphology, as well as the correlations between them, depending on the school year. The main results found give evidence of expansion of morphological knowledge in all school years studied, as well as increasing the expressive vocabulary. In the Word Definition Task and in the Neologism Production Task, participants fared better in handling items involving suffix. We observed that the knowledge of derivational morphology and vocabulary are significantly and positively correlated. We advanced in the study of how these variables are related in an increasingly stronger as the expansion of the school experience and how the children use their language skills in a productive way.

Desenvolvimento da consciência morfológica e o seu papel no vocabulário, na leitura e na escrita

“…As crianças identificaram dentre as palavras dadas outras palavras sem relação alguma com a original (por exemplo, a palavra "doll" que significa boneca, dentro da palavra "dollar"). Outro erro foi a criação de não-palavras a partir da segmentação silábica sem significados ("hap", que não tem um significado, em "happy" que significa feliz (Paula, 2007;Migot, 2013).…”

“…Ela está ligada ao bom uso e ao aumento do vocabulário, especialmente porque este conhecimento pode ser aplicado no reconhecimento de palavras complexas (com mais de um morfema) encontradas pela primeira vez e também na criação de novas palavras. Ou seja, a sensibilidade à morfologia possibilita o entendimento de que as palavras são constituídas por unidades mínimas de significados e que, por processos de formação, estas unidades podem gerar novas palavras Duncan, Casalis & Colé, 2009;McBride-Chang, Wagner, Muse, Chow, & Shu, 2005;Migot, 2013;Paula, 2007;Queiroz, 2012;Sparks & Deacon, 2013).…”

“…No entanto, nos questionamos se uma intervenção que chame a atenção dos estudantes para aspectos mais gerais do que constitui a morfologia, sobre sua expressão e uso na formação das palavras poderia ser benéfica no sentido de sensibilizar mais cedo os alunos para esses conteúdos, enquanto estão sendo alfabetizados e antes que seu foco se volte para a escrita ortográfica. O pressuposto desta proposta é o de que a promoção do desenvolvimento da consciência morfológica pode contribuir para a qualidade e a expansão do vocabulário, além de auxiliar os processos de leitura e de escrita de palavras complexas (formadas por mais de um morfema) (Carlisle, 2007;Marec-Breton & Gombert, 2004;Migot, 2013;Paula, 2007;Queiroz, 2012;Seixas, 2007;Sparks & Deacon, 2013).…”

“…O destaque dado à consciência morfológica no português brasileiro tem sido ampliado nos últimos anos (Barbosa, 2013;Guimarães, 2016;Hagen, Miranda &, Mota, 2010;Migot, 2013;Mota, 2012;Mota, Paula &, Guimarães, 2014;Moura & Paula, 2013;Queiroz, 2012). A presente tese de doutorado busca justamente contribuir para a ampliação do conhecimento a respeito do desenvolvimento da consciência morfológica em um período da escolarização em que a escrita ainda não está consolidada.…”

O processamento morfológico no português brasileiro em estudantes do ensino

“…No âmbito das pesquisas nacionais, estes dois campos de investigação ainda carecem de maior aprofundamento. No que diz respeito a consciência morfológica, há maior escopo de estudos (Correa, 2014;Freitas & Mota, 2015;Freitas, Mota, & Deacon, 2018;Guimarães & Mota, 2016;Guimarães, Paula, Mota, & Barbosa, 2014;Justi & Roazzi, 2012;Migot, 2013;Miranda & Mota, 2013;Mota, Anibal, & Lima, 2008;Paula, 2007). No entanto, as pesquisas apresentam grande divergência nos resultados encontradosalguns autores apontam que a consciência morfológica faz contribuição independente para a leitura de palavras desde o primeiro ano de alfabetização (Guimarães & Mota, 2016;Miranda, & Mota, 2013;Mota, Anibal, & Lima, 2008), outros, que esta contribuição acontece nos anos mais avançados da escolarização (Paula, 2007) e, ainda, pesquisas que não encontraram qualquer correlação entre as duas variáveis (Justi & Roazzi, 2012;Correa, 2014).…”