O cineasta brasileiro do início do século XX Alberto Cavalcanti, o qual passou a maior parte de sua carreira na Europa trabalhando na vanguarda do cinema francês e britânico, inicia o seu filme de 1926 Rien que les heures com a seguinte provocação: "Todas as cidades pareceriam a mesma se não fossem os monumentos que as diferem". 2 Com Rien que les heures Cavalcanti uniu-se a uma longa tradição do realismo documental urbano enfocando os desafios comuns da vida na cidade. É uma premissa defendida frequentemente por artistas, 3 escritores 4 e cineastas: 5 as vicissitudes da metrópole unem as pessoas que habitam locais tão díspares como Tóquio, Paris, Nova York e São Paulo. No entanto, mesmo que artistas contemporâneos celebrem ou critiquem a experiência compartilhada da vida metropolitana em todo o mundo, as cidades também servem como símbolos únicos para suas respectivas culturas e nações. Apesar da afirmação de Cavalcanti ao contrário, cidades -sobretudo as grandes cidades -revelam exclusivos contornos da identidade cultural e nacional. No Brasil e nos Estados Unidos, as cidades de São Paulo (SP) e Nova York (NYC), dois dos grandes centros de imigrantes das Américas, há muito tempo manifestam uma ansiedade a respeito dos princípios da inclusão e do pertencer, da assimilação e da autenticidade particular de cada nação. Em grande medida, as populações imigrantes definiram as duas cidades em termos de arquitetura e planejamento urbano, dando simultaneamente nova 1 Doutor em estudos portugueses e brasileiros na Brigham Young University, Provo, UT, Estados Unidos.