Introdução: a esquizofrenia apresenta um conjunto de sintomas cognitivos, psicóticos, afetivos e emocionais que influenciam a linguagem e o processo comunicativo. Objetivo: refletir sobre o impacto das manifestações linguístico-discursivas da esquizofrenia na comunicação, a partir da perspectiva de sujeitos com esse transtorno mental, além de descrever as principais manifestações linguísticas presentes no discurso desses indivíduos. Método: estudo transversal, descritivo e qualitativo, com modelo de amostragem não probabilística por conveniência, realizado em um Centro de Atendimento Psicossocial. Realizou-se análise de prontuários e entrevista semiestruturada com usuários do serviço de saúde diagnosticados com esquizofrenia. Os resultados foram submetidos à análise estatística descritiva, sendo que as entrevistas foram exploradas de forma qualitativa por meio da “Análise Temática do Conteúdo”, após transcrição das falas na íntegra. Resultados: metade dos participantes relatou satisfação e conforto comunicativo, enquanto a outra metade informou dificuldade de comunicação associada a sentimentos de frustração, má disposição, nervosismo e receio de falar em público. Tais sentimentos parecem estar relacionados à postura de desvalorização e estigma do interlocutor perante o discurso de pessoas com esquizofrenia. Observaram-se as seguintes manifestações linguístico-discursivas: descarrilamento e alogia. Não é possível afirmar que uma das manifestações linguístico-discursivas observadas nos participantes, a alogia, esteja associada, exclusivamente, à sintomatologia do transtorno mental, visto que a condição de segregação e estigma social pode ser um fator determinante na redução da produção do discurso. Conclusão: os sintomas de linguagem característicos da esquizofrenia impactam as relações de comunicação dos sujeitos diagnosticados com esse transtorno mental.