Complicações relativas às infecções odontogênicas: Angina de Ludwig

Abstract

Descrita em 1836 como sendo uma celulite tóxica por Wilhelm Frederick Von Ludwig, a Angina de Ludwig pode ser uma celulite extremamente fatal se não houver um diagnóstico preciso e precoce. Tendo vários fatores causal sendo o principal às infecções odontológicas dentre outras como: traumatismos e lacerações dos tecidos bucais, infecções das glândulas salivares, picada de insetos no queixo, neoplasias bucais infectadas, linfadenites, osteonecrose da mandíbula relacionada com o uso de bisfosfonatos. Afetando os espaços fasciais do pescoço, espaço submandibular, espaço submentoniano assim tendo o comprometimento principal as vias aéreas, pacientes imunossuprimidos e com comprometimento na condição sistêmica tendem a ser mais suscetível a Angina de Ludwig. Tendo tratamento a internação imediata e em seguida a prescrição de antibióticos para o controle da infecção e a drenagem cirúrgica para a remoção do material purulento e em seguida a remoção da causa da infecção como extrações e tratamento endodôntico, devido ao comprometimento das vias aéreas em alguns casos mais graves deve se realizar uma traqueostomia ou intubação endotraqueal. Este trabalho visa o melhor entendimento sobre o manejo de pacientes com Angina de Ludwig oferecendo ao leitor um conhecimento sobre a etiologia, diagnóstico e tratamento, bem como o prognostico relativo ao tratamento estabelecido.

Angina de Ludwig associada a complicações mediastinais: Relato de caso

“…Descrita como um quadro clínico infeccioso da região cérvico-facial, a AL é considerada um tipo de celulite, potencialmente fatal, que envolve, bilateralmente, os espaços submandibular, sublingual e submentoniano (Mendonça, et al, 2016;Brito, et.al., 2017;Fernandes, et al, 2020). A causa mais comumente associada é exacerbação de processos infecciosos presentes em elementos dentários, como no caso aqui relatado, em que foi identificado o 37 como elemento foco da infecção.…”

“…No caso relatado, a paciente referiu queixa de disfagia e dispneia, com evidência de trismo e edema nas regiões submandibular bilateral e submentual. De acordo com a literatura, clinicamente, os pacientes com AL podem relatar, além de dispneia, disfagia e trismo, história de odinofagia, hipertermia, sialorréia, elevação da língua com alteração da voz, taquicardia, febre, tumefação cervical endurecida e dolorosa ao toque (Hisham, et al, 2017;Vassa, et al, 2019;Fernandes, et al, 2020). De acordo com Pereira et al 2019 complementares, como tomografia computadorizada, além de ultrassonografia cervical e raio X de tórax, que foram utilizados no referido caso, permitem a investigação do envolvimento mediastinal a partir dos espaços faciais da região cervical e espaços parafaringeanos.…”

“…A mediastinite, de acordo com a literatura (Dib, et al, 2016;Pereira, et al, 2019;Fernandes, et al, 2020), é multifatorial, podendo se propagar por continuidade de uma fasceíte necrosante cervicofacial, mediastinite de origem odontogênica e por via hematogênica ou linfática. No caso apresentado, a intervenção inicial, com remoção do foco da infecção e antibioticoterapia, provavelmente retardou a progressão da infecção para o mediastino, a partir da AL.…”

“…As condutas iniciais para casos de AL devem ser rápidas, criteriosas e sequenciais (Manasia, et al, 2016;Pereira, et al, 2019). A manutenção da via aérea é fundamental, devido ao risco de rápida obstrução e, consequentemente, morte (Miller, et al, 2018;Mcdonnough, et al, 2019;Fernandes, et al, 2020). O tratamento inicial é feito por meio de terapia com antimicrobianos de amplo espectro, intravenosos, além da remoção de fatores etiológicos e, se necessária, drenagem cirúrgica (Lee, et al, 2019;Bernardoni, et al, 2017;Edetanlen & Saheeb, 2018).…”

“…Complicações podem ser observadas em casos de infecção em região cervical, sendo as de vias aéreas consideradas as mais prevalentes (Fernandes, et al, 2020). O envolvimento dos espaços sublingual e submandibular pode, em razão de sua proximidade com as vias aéreas faringiana e laringeana, obstruí-las (Bross-Soriano, et al 2004).…”