Coleções etnográficas e Arqueologia: uma relação pouco explorada

Abstract

Resumo O uso de observações e relatos etnográficos na Arqueologia é um fato comum na história da disciplina. No entanto, a exploração de questões arqueológicas através de análises de coleções etnográficas tem sido feita de maneira incipiente no Brasil, apesar da importância desses conjuntos de objetos na construção de uma história indígena de longa duração por meio da materialidade. Este artigo discute as relações entre objetos etnográficos e arqueológicos, ressaltando o potencial que os primeiros possuem no desenvolvimento de problemas relacionados aos segundos. A partir das abordagens de estudos de tecnologia, são apresentadas análises de coleções etnográficas de cerâmicas e trançados de povos falantes de línguas Karib na Amazônia guianense. Por fim, as contribuições desse aporte teórico-metodológico são discutidas para essa área do conhecimento.

The Kari'na ceramic tradition through ethnographic collections

“…The “archaeological sensibility” (Byrne and Tetehu 2013:200) can be used to analyze ethnographic collections, considering that the study of ethnographic objects can be similar to that of archaeological materials (Hardin and Mills 2000; Gaspar and Rodrigues 2020; Torrence and Clarke 2013). In both cases, there is a need to situate objects that are distant (temporally and geographically) from their original context of production and use, and to analyze materials, manufacturing techniques, morphology, and functional and symbolic aspects.…”

Corpos fragmentados feitos de olhares: perspectivas Wai Wai e Karaiwa

“…O estudo de coleções tem diversos potenciais e apresenta resultados positivos para tratar múltiplas questões pertinentes na arqueologia brasileira (ALVES, 2019;BARRETO, 2009;MACHADO, 2001;CORRÊA, 2014;GASPAR;RODRIGUES, 2020;RODRIGUES, 2022). Contrapomos olhares indígenas e não indígenas sobre classificação de figurações cerâmicas, priorizando o conhecimento indígena acerca de um universo que mais se aproxima a seu modo de vida do que o capitalista e urbano, no qual se insere a maioria das pessoas que atualmente fazem arqueologia.…”