“…Trata-se de uma mercadoria especial "de luxo", na qual ocorre a "transfiguração da pobreza", visto que esta passa a ser o entorno, o ambiente: a cidade é uma mercadoria de luxo, a ser consumida por um público específico, exigente e qualificado, "destinada a um grupo de elite, de potenciais compradores: o capital internacional, visitantes e usuários solváveis". 10 Resulta desse movimento a alta dos preços dos imóveis (acirrando a especulação imobiliária e a consequente intensificação das disputas pela terra), além da expulsão dos pobres para a "periferia da periferia" (Maricato, 2013), restando-lhes ocupar áreas de proteção ambiental ou mesmo áreas de risco. Retomam-se os despejos violentos, e as comunidades localizadas em regiões cobiçadas pelo mercado não raro são alvo de incêndios, nunca devidamente esclarecidos e dos quais os próprios moradores são quase sempre culpabilizados.…”