Este atualização corresponde à parte inicial (introdução e revisão bibliográfica) da dissertação de mestrado do autor, que foi defendida em 09/05/2008, no
INTRODUÇÃO
Historicamente, na moderna estrabologia, as esotropias de grande ângulo têm sido corrigidas cirurgicamente atuando-se nos quatro músculos horizontais ou, pelo menos, em três deles (ambos os olhos), visto que a grande maioria dos autores ainda considera um dogma, da estrabologia mundial, fazerem-se recuos para os retos mediais de, no máximo, 5 mm, alegando-se que recuos maiores dariam grandes limitações dos movimentos oculares e grande comprometimento da convergência (1)(2)(3)(4)(5) . Realmente, com recuos tão pequenos, não seria possível, nas cirurgias binoculares, uma correção cirúrgi-ca satisfatória, para esses casos, atuando-se somente em dois músculos. O máximo que se poderia corrigir, com recuos de 5 mm de ambos os retos mediais, seria 30 Δ , em média (6) . Daí a necessidade de atuar-se, também, nos retos laterais, fazendose ressecções nos dois músculos ou, pelo menos, em um deles. Por outro lado, com relação às ressecções dos retos laterais, os oftalmologistas têm sido um pouco mais generosos, a maioria aceitando valores máximos um pouco maiores, geralmente em torno de 10 mm (2,(4)(5)7) . Dessa forma, usando-se a cirurgia monocular de recuo-ressecção para o tratamento das esotropias de grande ângulo, seria possível uma correção um pouco maior do que aquela conseguida com o duplo recuo dos retos mediais, mas, mesmo assim, não se conseguiria corrigir mais do que 45 a 50 Δ , com um recuo máximo de 5 mm do reto medial e uma ressecção máxima de 10 mm do reto lateral (6) . Portanto, com relação ao tratamento cirúrgico dos esodesvios, pode-se inferir que, tanto na cirurgia binocular como na monocular, não se conseguem correções maiores, atuando-se somente em dois músculos, por causa do limite máximo, imposto, de 5 mm no recuo do reto medial. Ultrapassando-se esse limite, provavelmente poder-se-ia conseguir correções maiores, possivelmente acima das 50 Δ . O presente trabalho pretende, inicialmente, mediante ampla revisão bibliográfica, fazer uma pesquisa a respeito do estabelecimento do parâmetro de 5 mm, como recuo máximo do reto medial, procurando entender suas causas e suas consequências na cirurgia estrabológica, bem como pesquisar, ainda, a existência de trabalhos científicos, na literatura mundial, nos quais tenham sido praticados recuos do reto medial maiores que 5 mm.
HISTÓRICOAté o século XVIII as tentativas de tratamento de pacientes estrábicos ficaram no campo do que se poderia chamar de
RESUMOAs primitivas cirurgias de estrabismo, as miotomias e as tenotomias, eram feitas, simplesmente, seccionando-se o músculo ou o seu tendão, sem nenhuma sutura. Estas cirurgias eram feitas, geralmente, em um só olho, tanto em pequenos como em grandes desvios e os resultados eram pouco previsíveis. Jameson, em 1922, propôs uma nova técnica cirúrgica, usando suturas e fixando, na esclera, o músculo seccionado, tornando a cirurgia mais previsível. Para ...