Ciências Humanas E Neurociências: Um Confronto Crítico a Partir De Um Contexto Educacional

Abstract

A antropologia contemporânea tem se aberto com grande entusiasmo para uma revisão das bases tradicionais da oposição entre “natureza” e “cultura”, seguindo tendências antirrepresentacionalistas e hiperempiristas que se fundam em um conjunto complexo de argumentos filosóficos e éticos. Ao mesmo tempo, novas configurações das ciências naturais retomam os postulados mecanicistas originais dessa área. O vasto campo contemporâneo das neurociências tem sido pródigo em propostas materialistas deterministas, ao explorar a conexão cerebral da experiência humana com potentes recursos e ambições de grande envergadura. A coetaneidade desses movimentos sugere que se resuma em que se aproximam e se distinguem esses “naturalismos” biomédicos e antropológicos. Mas se trata aqui sobretudo de resumir os principais fios do diálogo tenso que se vai desenhando entre as posições características dos dois grandes campos, com importantes desafios para o empreendimento antropológico; tal como expresso nas exposições do recente Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Motherhood: Conflicts Between the Biological and the Social Dimensions - What Does the Brazilian Academic Production Tell?

“…However, when pre-senting concepts in these areas, they fall back on deterministic and prejudiced lines, citing, for example, the excess or lack of testosterone in women as responsible for a more dominating or submissive behaviour and associating homosexuality as a consequence of abuse in childhood. Duarte (2018), from the exhibition on the human brain at the Museum of Tomorrow, analyses how culture and human experience are presented in this vital space for scientific dissemination. The author considers Biomedical Sciences' tendency to produce an understanding of the human from a biological and reductionist perspective.…”

O cuidado em saúde mental e a participação política de usuários e familiares na ressignificação do estigma sobre os transtornos mentais

“…Além disso, a pesquisa narrativa tem a potencialidade de recuperar a voz ativa dos sujeitos que, por vezes, sofrem com o silenciamento promovido pela subordinação imposta pelos saberes biomédicos, os quais tendem a ignorar a experiência subjetiva sobre o processo saúde-doença e priorizar explicações reducionistas e fisicalistas. Como afirma Duarte (2018), não se trata de propor uma supremacia dos saberes oriundos das Ciências Sociais e Humanas, que subsidiam a compreensão narrativa, mas de garantir a inclusão de explicações igualmente legítimas sobre a experiência humana, as quais integrem a subjetividade e a história como pertencentes ao campo da cientificidade sobre o humano.…”

“…Optou-se pela construção intencional do grupo de informantes, pois, quando tratamos de questões psicossociais, a atuação de um fenômeno, mesmo que superdimensionado em alguns indivíduos típicos, é reveladora do contexto em que estes estão inseridos e pode mostrar o que outros semelhantes vivenciam (FONTAELLA; RICAS; TURATO, 2008).…”

Mental health care and the political participation of users and families in the resignification of stigma on mental disorders

“…In addition, narrative research has the potential to recover the active voice of subjects who, at times, suffer from the silencing promoted by the subordination imposed by biomedical knowledge, which tend to ignore the subjective experience of the health-disease process and prioritize reductionist and physicalist explanations. As Duarte (2018) states, it is not about proposing a supremacy of knowledge from the Social and Human Sciences, which subsidize narrative understanding, but ensuring the inclusion of equally legitimate explanations about the human experience, which integrate subjectivity and history as belonging to the field of scientificity on the human.…”