INTRODUÇÃOEvidências sugerem aumento na prevalência de hipertensão arterial (HA) em crianças nas últimas décadas 1 . Esse fenômeno tem grande importância epidemiológica, uma vez que há muito se sabe que a pressão elevada durante a infância é um fator preditor de hipertensão arterial na vida adulta e, portanto, o aumento na freqüência de crianças hipertensas pode significar o prenúncio do aumento de HA nos adultos 2 . A pressão arterial elevada contribui para o aumento no risco de doenças cardíacas e de morte por coronariopatia, doenças cérebro vasculares 3 que são as principais causas de mortalidade em adultos na nossa época. Inversamente, crianças que apresentam pressão arterial em níveis mais baixos têm menor risco de doenças cardiovasculares na vida adulta 4 , o que confirma a importância dos fatores de risco, como a HA, na infância como determinantes da saúde na idade adulta.Classicamente, admitia-se que a HA essencial, ou primária, fosse menos freqüente na infância, porém recentemente esse conceito tem sido posto em dúvida. Atualmente, acredita-se que a hipertensão essencial ocorra já na infância 5 . O aumento da prevalência de obesidade entre as crianças, assim como em adultos, é um fenômeno já bem caracterizado nos países desenvolvidos, sendo forçoso reconhecer que atravessamos uma epidemia mundial de excesso de peso corporal 6-7 . Em nosso meio, conquanto seja um fenômeno menos estudado, existem também MÉTODOS. Realizamos estudo transversal em duas etapas, sendo uma fase de triagem, envolvendo avaliação antropométrica e medida de pressão em 7.440 crianças (9,0 ± 1,1 anos, 3.891 ou 52% de meninas). Uma amostra de 1.713 indivíduos (9,7 ± 1,1 anos, 826 ou 48% de meninas) dentre os que, na triagem, apresentaram a pressão arterial em nível igual ou superior ao percentil 90 foi revisitada um ano mais tarde e novas medidas foram realizadas. Nas duas fases do estudo, consideramos pressão elevada os valores iguais ou maiores que o percentil 95 de pressão para o sexo e a estatura . RESULTADOS. Na triagem 1.123/7.440 (15%) crianças apresentaram pressão elevada; crianças obesas apresentaram pressão elevada mais freqüentemente (OR = 3,7 95% IC=3,2 a 4,3). Na segunda fase, 43/1.713 (2,7%) apresentaram pressão elevada e novamente a presença de obesidade conferiu maior risco para pressão elevada (OR=1,5 95% IC=1,2 a 1,8). Além disso, observamos aumento da PA sistólica de acordo com a massa corporal na totalidade dos intervalos de IMC estudados e não apenas após a instalação da obesidade. CONCLUSÃO. Nosso estudo reforça os dados que sugerem aumento no risco de pressão elevada em crianças obesas. Para a pressão sistólica, o incremento de pressão parece ser cumulativo de acordo com o aumento do IMC, mesmo em crianças não obesas.UNITERMOS: Obesidade. Pressão arterial. Criança. Hipertensão. evidências de alarmante aumento na prevalência de obesidade entre as crianças 8 . A obesidade é um dos mais importantes fatores associados ao aumento da pressão arterial em adultos
9. Há vários estudos investigando a relação de obesidade ...