Características Socioeconômicas E Produtivas Da Pecuária Familiar Leiteira Do Rio Grande Do Sul

Abstract

O trabalho tem como objetivo fazer uma caracterização socioeconômica e produtiva da pecuária familiar leiteira do Rio Grande do Sul. A pesquisa se classifica como um estudo descritivo em que foram entrevistados 110 produtores de 29 municípios. Para que fosse possível captar uma maior diversidade de situações produtivas, foi realizada uma seleção intencional da amostra, baseada em quatro estratos diários de produção. Para a maior parte dos entrevistados (91,8%), a pecuária leiteira é a principal atividade produtiva, de todo modo, 54,5% dos estabelecimentos diversificam a produção com ao menos mais uma atividade agropecuária. Tratando-se das motivações para o desenvolvimento da atividade, três foram as principais justificativas elencadas, estando estas relacionadas às categorias “renda mensal”, “gosto pela atividade” e “alternativa produtiva”. Em relação à infraestrutura, 94,5% dos agricultores disseram possuir alguma área própria, em que as heranças figuram como a principal forma de obtenção da terra. Para o funcionamento do sistema de produção a maioria dos estabelecimentos precisam de, no mínimo, duas pessoas se dedicando ao estabelecimento, em que o papel das mulheres é central. O sistema a pasto e os animais da raça holandesa são os mais utilizados pelos produtores e a maior parte destes têm acessado políticas de crédito rural e assistência técnica. As cooperativas se apresentam como instituições importantes aos pecuaristas, sendo que 41,8% dos agricultores comercializam o leite através destas. A partir dos dados coletados é possível afirmar que todos os estabelecimentos dispõem de uma infraestrutura básica para a produção leiteira, em que as técnicas de manejo utilizadas e até mesmo a produtividade diária não são os aspectos de maior diferenciação. Por sua vez, o tamanho dos rebanhos, o tamanho da área disponível, bem como as instalações detidas tendem a ser pontos de maior diferenciação entre os agricultores familiares analisados.

Avaliação socioeconômica e parâmetros de qualidade do leite cru refrigerado de pequenas propriedades leiteiras do Vale do Taquari, RS

“…O sistema de acasalamento adotado na maioria das propriedades é a inseminação artificial -em 30 propriedades (85,71%), entretanto, em cinco propriedades (14,28%) ainda há o sistema de monta em campo, para esse fim, são criados touros específicos (item 6). Machado & Waquil (2022) analisaram o perfil socioeconômico de 110 produtores rurais distribuídos em 29 cidades, em sete regiões do estado do Rio Grande do Sul, e identificaram que em 95,5% das propriedades rurais avaliadas há o uso da inseminação artificial, e que dentre elas, 60% não utilizam a reprodução natural.…”

“…Constatou-se que essa divisão se dá pelo fato de as mulheres conciliarem a ordenha dos animais com as atividades domésticas, e os homens, pelas atividades externas. Machado & Waquil (2022) verificaram que em 31,8% das propriedades estudadas, as esposas são as principais responsáveis pela ordenha.…”

“…Segundo o Censo Agropecuário de 2018, 21,1% dos produtores têm o ensino médio completo, 53,3% dos produtores têm mais de 55 anos, e outros 38,7% entre 35 e 54 anos (IBGE, 2018). Machado & Waquil (2022) Pôde-se avaliar também que, além da ocupação com as tarefas da propriedade, cinco produtores (14,28%) exercem atividade remunerada em empresas privadas da região e ajustam seus horários com a atividade leiteira; desses cinco produtores, dois têm o ensino superior completo ou em andamento, e três têm ensino médio completo (item 22). Rempel et al (2022a) verificaram que 22 produtores (36,7%) de leite do VT tinham somente o ensino fundamental incompleto, e isto deveu-se ao fato de auxiliarem nas atividades rurais desde muito jovens.…”

“…No presente estudo, verificou-se, também, que, em 10 propriedades não há água quente para a melhor higienização dos instrumentos da ordenha. Isso está em desacordo com o recomendado (item 26), diferentemente do observado por Machado & Waquil (2022), que identificaram que todas as propriedades tinham algum tipo de aquecimento de água na sala de ordenha para a higienização dos equipamentos.…”

“…Quanto ao manejo da ordenha (item 37), as 35 propriedades utilizam ordenha mecânica do tipo "balde ao pé", e os animais são ordenhados duas vezes ao dia (manhã e tarde), assim como observado por Araújo (2019). Assim como no presente estudo, Machado & Waquil (2022) observaram que em todas as propriedades rurais analisadas há ordenhadeira mecânica; no entanto, em 62,7% das propriedades há ordenha canalizada, em 20,0% se pratica ordenha de "balde ao pé" e, em 17,3%, com transferidor. As revisões dos equipamentos de ordenha (item 37) -como regulação de vácuo, troca de teteiras e verificação do funcionamento do resfriador -são frequentes em apenas uma propriedade (2,85%).…”