Capacidades Dinâmicas em Organizações Sem Fins Lucrativos: Uma Proposta de mensuração para o terceiro setor

Abstract

Além da vantagem competitiva sustentada, a abordagem das Capacidades Dinâmicas tem sido empregada para explicação do desenvolvimento contínuo dos recursos e das capacidades organizacionais e sua relação com o desempenho organizacional (ZAHRA; SAPIENZA; DAVIDSSON, 2006; TONDOLO; BITENCOURT, 2014; SILVEIRA-MARTINS; TAVARES, 2014). Este estudo tem como objetivo geral propor um instrumento de mensuração das Capacidades Dinâmicas para o contexto das organizações do Terceiro Setor. Para atender ao objetivo, foi desenvolvido um ensaio teórico, por meio de uma revisão de literatura baseando-se em Baumeister e Leary (1997) e Torraco (2005, 2016). Dessa forma, partiu-se dos estudos de Teece et al. (1997) e Wang e Ahmed (2007) como os norteadores para a compreensão das Capacidades Dinâmicas. Com vistas a ampliar entendimentos das dimensões das Capacidades Dinâmicas, juntamente, com perspectiva do Terceiro Setor, foram realizadas buscas na base Spell para os estudos nacionais e na base Scopus para os estudos internacionais, nos meses de maio e julho de 2017. Como resultado, apresenta-se um instrumento de aplicação quantitativa composto por 32 questões distribuídas em 4 dimensões (capacidade adaptativa, capacidade absortiva, capacidade inovativa e capacidade mobilizadora). Desta forma, pretende-se contribuir com a pesquisa e a realidade gerencial das organizações do Terceiro Setor.

Capacidades Dinâmicas E Transparência No Desempenho Das Organizações Do Âmbito Da Saúde E Assistência Social

“…As organizações do Terceiro Setor mesmo não visando lucro ou estando em competição com outras da mesma área, buscam o desenvolvimento e a eficiência dos processos gerenciais para adequarem suas ações no atendimento aos beneficiários e comunidade atendidas (Khieng, 2014;Rocha Valencia et al, 2015). Com base nesse pressuposto é importante destacar que essas adequações e habilidades que as organizações buscam, estão embasadas nas capacidades que elas possuem de se adaptarem a essas mudanças, nesse sentido, destacam-se as CDs como sendo uma competência do Terceiro Setor em adaptar constantemente suas bases e recursos às mudanças externamente atribuídas visando a manutenção, ampliação e inovação dos seus projetos, ações e áreas de atuação social (Tondolo et al, 2018).…”

“…As CDs podem ser entendidas como as habilidades que as organizações possuem de integrar, construir e reconfigurar suas competências internas e externas no tocante ao trabalho em relação às mudanças do ambiente às quais fazem parte, assim como também em ser uma habilidade superior e inimitável que certas empresas desenvolvem para moldar, reformular, configurar e reconfigurar a sua base de recursos e dar respostas às mudanças tecnológicas e aos mercados globais de alta complexidade (Teece et al, 1997). Nesse sentido, (Tondolo et al, 2018) se referem as dimensões das CDs das organizações, conforme indicadas por (Wang & Ahmed, 2007): adaptativa (flexibilidade frente às demandas do ambiente); absortiva (capacidade de assimilar e explorar o conhecimento do ambiente); inovativa (capacidade de implementar estratégias inovadoras). Além destas três dimensões, é possível considerar também como capacidade dinâmica das organizações, a habilidade mobilizadora (Tondolo, Bitencourt, et al, 2016;Tondolo et al, 2017;Tondolo & Bitencourt, 2014).…”

“…A capacidade mobilizadora é central para a sustentabilidade das organizações sociais, uma vez que é responsável por articular e implementar os recursos nos processos organizacionais (Mota & Nassif, 2016;. Além disso, a capacidade mobilizadora ressalta a perspectiva estratégica (Pereira et al, 2015) e empreendedora (Sander & Cunha, 2013) da mobilização de recursos, trazendo essencialmente uma visão proativa no que diz respeito à articulação dos recursos e sua implementação na gestão das organizações do Terceiro Setor (Tondolo et al, 2018). Desta forma, a seguinte hipótese é sugerida: H1: as CDs estão positivamente relacionadas ao desempenho das organizações que atuam na área de saúde e assistencial social.…”

Modelo de ciclo de vida para empreendimentos sociais: um estudo a partir das experiências da associação AME em João Monlevade/MG

“…Cabe destacar, que mesmo sem atuar na busca da vantagem competitiva, tendo em vista que o lucro não é o resultado do fim, as instituições do terceiro setor estão em um ambiente em que é preciso atuar de forma empreendedora e se adaptar constantemente as mudanças (TONDOLO et al, 2018). Nesse sentido, são necessários estudos que permitam o entendimento de como as organizações do terceiro setor atuam de maneira mais estratégica com base nos recursos que possui (PEREIRA et al, 2015).…”

“…Ao se tratar dos empreendimentos sociais estes possuem um ciclo de vida próprio, que possuem diferentes etapas de desenvolvimento que requerem a utilização de ferramentas e instrumentos que a propiciem ser concluída com sucesso (ASHOKA; MCKINSEY, 2001). Para Tondolo et al (2018), as ferramentas e mecanismos próprios dos empreendimentos sociais ainda se apresentam incipientes, contudo, pouco a pouco elas já começam a substituir as ferramentas e mecanismos das instituições tradicionais.…”