Burnout entre médicos intensivistas ou Sociedade do burnout

Abstract

Resumo Os médicos que atuam em unidades críticas são propensos a exaustão emocional, manifestações de despersonalização e insatisfação profissional. Essas três manifestações compõem o que foi identificado como burnout e são motivo de crescente preocupação. Neste artigo, os autores revisam a literatura disponível sobre o burnout entre os médicos intensivistas, mas discutem-no sob uma ótica que inclui o problema em uma manifestação mais ampla, relacionada ao culto do desempenho e à subsunção da vida ao capital, entendendo esse fenômeno como relacionado com a sociedade do burnout. Também se discutem iniciativas para combater esse quadro na perspectiva de uma visão ampliada do conceito de biopolítica, especialmente a psicopolítica.

Síndrome de Burnout na Medicina / Burnout Syndrome in Medicine

“…Sendo assim, de acordo com uma revisão sistemática especialidades como medicina intensiva (22,0%), medicina de família (17,1%) e emergência médica (17%), estão entre as de maior prevalência de SB. 8,15 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.6, p. 61864-61873 jun. 2021…”

“…Algumas teorias incluem a falta de contrato fixo de trabalho, assistência a doentes graves, decisão de suspender o tratamento e proceder à sedação terminal como as principais causas de SB em intensivistas. 8,15 Já no caso de médicos da família e emergencistas, a explicação se encontra na intensa burocratização da organização multidisciplinar do trabalho, falta de apoio de cargos superiores, inadequada comunicação institucional e insatisfação com salário e a carreira. 8 Dessa forma, considerando a importância dos intensivistas para o cuidado de pessoas gravemente enfermas, e que as repercussões do burnout podem levar à incapacidade para o trabalho e comprometer o atendimento aos pacientes, a identificação precoce do estágio do desenvolvimento da síndrome pode subsidiar intervenções, individuais e/ou organizacionais, para a prevenção dessas situações.…”

“…Já quanto a organização profissional deste médico no local de trabalho, a instituição tem um aumento em seus gastos (tempo, dinheiro) com a consequente rotatividade de funcionários acometidos pelo burnout, assim como com o absenteísmo destes. Assim como há estudos afirmando que o burnout enfraquece o interesse de alguns membros da equipe de saúde por práticas inovadoras, contribuindo como fator impeditivo na disseminação de condutas em baseadas em evidência 15,16,17.…”

Síndrome de Burnout em médicos residentes de anestesiologia: revisão da literatura

“…É um termo usado para descrever uma síndrome clínica que envolve estresse severo, insatisfação e sensação de excesso de trabalho. Essa síndrome foi descrita na literatura pela primeira vez em 1974 em um artigo intitulado "Staff Burnout" no qual discutia a insatisfação no trabalho causada pelo estresse profissional, sendo posteriormente definido por Christina Maslach como uma síndrome caracterizada pela tríade de alta exaustão emocional, alta despersonalização e baixo senso de realização pessoal (ALAHMARI, MOALEEM, et al, 2022;BOLAND, KABIR, et al, 2023;OLIVEIRA, MELO, et al, 2019;RODRIGUES e JUNGES, 2018;SHALABY, OLUWASINA, et al, 2023;SOBRINHO, BARROS, et al, 2010).…”

“…No entanto, a pontuação relacionada à insatisfação profissional segue uma tendência oposta, onde um índice Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 3518-3530, jan./fev., 2024 de 0 a 31 indica elevada insatisfação, de 32 a 38 representa uma insatisfação moderada, e uma pontuação igual ou superior a 39 sugere uma baixa insatisfação. (ALAHMARI, MOALEEM, et al, 2022;RODRIGUES e JUNGES , 2018;OLIVEIRA, MELO, et al, 2019).…”