Brucelose bovina no Estado de Roraima: estudo retrospectivo

Abstract

RESUMOO objetivo do presente trabalho foi determinar a frequência de propriedades positivas (focos) e de fêmeas bovinas soropositivas para a brucelose no Estado de Roraima, bem como identificar fatores de risco. Foram utilizados dados da Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima (ADERR), coletados de suas quatro microrregiões, durante o período de janeiro de 2007 a julho de 2009. Durante esse período, foram examinadas 387 propriedades, e 9.087 soros de fêmeas bovinas com idade ≥ 24 meses foram submetidos ao diagnóstico sorológico da brucelose. Para a análise de fatores de risco, foi utilizada a regressão logística múltipla. Uma propriedade foi considerada foco quando apresentou pelo menos um animal soropositivo. Das propriedades investigadas, 106 (27,4%) apresentaram pelo menos um animal soropositivo e, dos animais analisados, 369 (4,1%) foram soropositivos. Os fatores de risco identificados foram: possuir mais de 51 animais no rebanho (odds ratio = 1,87; p = 0,015) e alugar pasto (odds ratio = 2,20; p = 0,003). Sugere-se que esforços sejam concentrados na intensificação da vacinação de bezerras no Estado de Roraima com o intuito de que seja alcançada uma prevalência compatível com as ações de teste e sacrifício de animais. PALAVRAS-CHAVE: Brucella abortus, bovino, frequência, fatores de risco, epidemiologia (controle).ABSTRACT BOVINE BRUCELLOSIS IN RORAIMA STATE: RETROSPECTIVE STUDY. The aim of this study was to determine the frequency of positive herds (foci) and seropositive bovine females for brucellosis in the state of Roraima, Northern region of Brazil, as well as to identify risk factors. Data from the Agency of Agricultural Protection in the state, collected from its four microregions during the January 2007 to July 2009 period, were used. During this period, 387 herds were examined, and 9,087 adult bovine female sera were submitted to the serological diagnosis of brucellosis. For risk factor analysis the multiple logistic regression was used. A herd was considered focus when presented at least one seropositive animal. Of the herds investigated, 106 (27.4%) had at least one seropositive animal, and of the animals examined, 369 (4.1%) were seropositive. Risk factors identified were: herd size larger than 51 animals (odds ratio = 1.87; p = 0.015) and pasture rental (odds ratio = 2.20; p = 0.003). It is suggested that efforts must be concentrated on the intensification of heifer vaccination in the State of Roraima in order to reach a prevalence value compatible with actions of test and sacrifice of animals.

Analysis of the risk factors for bovine brucellosis in dairy herds of the Rio Branco microregion, Acre, Brazil

“…The frequency of BB in the Rio Branco microregion (10.6%) was well above the prevalence rate in the country (3.4%), but similar to the one reported in Pará (10.9%) (MINERVINO et al, 2011). The rates for the other northern states were 4.1, 4.4 and 6.2% in Roraima, Tocantins and Rondônia, respectively (OGATA et al, 2009;VILLAR et al, 2009;SOUZA et al, 2012).…”

“…In the state of Acre, the study by COSTA; ALENCAR (1979) was, until then, the only BB report, in which an incidence of 11.7% was determined for the municipality of Rio Branco, with 65.4% of properties considered as outbreaks. It is possible to observe that, after almost four decades, B. abortus infection is still intense in the state, even in low-density dairy herds (POESTER et al, 2002;SOUZA et al, 2012).…”

Casos e Focos de Raiva e Brucelose em Bovinos (Bos taurus) registrados em Roraima no Período 2008-2016

“…O registro de casos e focos constatados no presente estudo difere daquele encontrado por Souza et al (2012) que verificaram 369 casos de bovinos positivos e 106 focos no período de 2007-2009, fato este que evidencia a necessidade de inserção de mais dados no SIZ-MAPA, especialmente do número de casos e focos anteriores ao período 2008-2016.…”

“…Tais dados, embora divirjam em relação a quantidade de casos em períodos sobrepostos ou não, tais estudos evidenciam a presença da infecção pela bactéria em bovinos (mas não necessariamente a doença) verificado por métodos sorológicos de diagnóstico, o que constitui fator de risco para infecção para outros bovinos, para os seres humanos que poderão se infectar pela ingestão de produtos lácteos ou carne mal cozida ou pelo contato direto, a exemplo de trabalhadores rurais que mantém contato direto com os animais (Zapata et al 1998). Souza et al (2012) constataram como fatores de risco por meio da regressão logística para o contato com a infecção por B. abortus em bovinos no estado de Roraima a presença de mais de 51 cabeças na propriedade e o aluguel de pastos, o que sugere que propriedades com um número acima de 51 cabeças eleva a proporção de bovinos expostos a infecção por B. abortus, além disso o aluguel de pastos propicia o contato de bovinos com outras propriedades havendo contaminação da água e pasto oferecidos aos animais (Souza et al 2012). Portanto, ressalta-se que se deve requisitar antes da entrada do animal na propriedade o comprovante de que o animal foi submetido ao diagnóstico oficial para infecção por B. abortus em laboratório credenciado, além da aplicação da quarentena, vacinação com a cepa B19 em fêmeas de três a oito meses de idade, descarte de fêmeas soropositivas e evitar o aluguel de pastos para outras propriedades (Brasil 2006;Jardim et al 2006;Souza et al 2012;Sola et al 2014).…”

“…Bezerra (2011) verificou 8,0 % de prevalência de anticorpos anti-Brucella abortus em um total de 74.130 amostras de sangue de bovinos coletadas em Roraima no período de 2005-2010. Souza et al (2012) por sua vez, constataram 106 focos de brucelose bovina em Roraima e prevalência de 4,1 % de anticorpos anti-Brucella abortus em um total de 9.456 amostras sanguíneas de bovinos entre os anos de 2007 a 2009. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) determina que devem ser utilizados no diagnóstico da brucelose bovina os testes do antígeno acidificado tamponado, teste do 2mercaptoetanol associado ao de soroaglutinação lenta, teste de polarização fluorescente e teste do anel em leite (Brasil 2017a).…”