Brincadeiras, Invenções e Transgressões de Gênero na Educação Infantil

O que os adultos compreendem como gênero? Uma perspectiva sob olhar do Terapeuta Ocupacional em relação aos brinquedos e brincadeiras

“…Com o propósito de problematizar as questões de gênero e amenizar possíveis compreensões errôneas a respeito, é importante que o Terapeuta Ocupacional crie espaços para que tais assuntos sejam debatidos, considerando que os sujeitos não possuem momentos e oportunidades para discutir o assunto e que tão logo acabam perpetuando o que consideram como verdade absoluta; que ao longo do seu desenvolvimento foi aprendido de acordo com a cultura em que estão inseridos e com a sociedade que fazem parte (Lamas, 2016). Para autores como Vianna & Finco (2009), Finco (2010), Bicalho (2013) e Sousa et al (2015), as crianças que contrariam os valores de gênero ditados pela sociedade são passíveis de preconceitos sociais; e tais atitudes podem interferir de modo prejudicial na qualidade de vida dessas crianças. Logo, é importante também que o profissional consiga explicar para os adultos que ao brincar com algum brinquedo ou brincadeira considerado como típico do gênero oposto, não irá, de maneira nenhuma, tornar ou influenciar que a criança possua uma orientação sexual diferente da heterossexual (Sant'anna, 2014) -já que esta é a preocupação de vários.…”

De menina e de menino: A influência de pais e familiares na segregação de brinquedos e brincadeiras por gênero

“…Percebe-se também, nas brincadeiras, a existência de transgressões, onde duas crianças ultrapassam as fronteiras de gênero, confrontando os padrões préestabelecidos, na qual uma menina costuma jogar futebol -característico como uma atividade típica masculina -e um menino costuma brincar de casinha -característico como uma atividade típica feminina. Apesar dos meios em que as crianças estão inseridas serem dotados de uma carga de estereótipos, as meninas e os meninos são capazes de burlar as ideias do que é considerado típico feminino ou masculino, escapando dos modelos pré-estabelecidos e resistindo à pressão das expectativas impostas sobre eles, a fim do prazer de brincar e de ser feliz (Finco, 2010).…”

“…As questões culturais, familiares, educacionais e de mercado interferem nas relações das crianças com os brinquedos, sinalizando como, onde e com quem se deve brincar (Lira, 2009). Esses objetos são carregados de expectativas, simbologias e intenções (Finco, 2010) e evidenciam os papéis e condutas esperados sobre como ser mulher ou homem. Segundo Lira & Nunes (2016: 191) se por um lado os brinquedos das meninas privilegiam "o espaço familiar, a maternidade, a interioridade do lar", os dos meninos priorizam "o mundo do trabalho, da aventura, contextos para além dos muros da casa".…”

Child's play and its influence on the development of the gender identity

“…O corpo e seus movimentos corporais, ritmos, expressões, gestos e imagens corporais são produzidos e inventados pela nossa cultura e também construído pelas diferenças de classe social e valores sociais idealizados 14 . Nesse aspecto, as crianças são estimuladas, na sociedade e na cultura a que pertencem, a produzir diferenças de gênero em seus corpos, construindo, dessa forma, habilidades diferentes de acordo com o sexo.…”