Bourdieu, Argélia e a perspectiva pós-colonial

Abstract

Resumo: É bem sabido que as primeiras pesquisas de Bourdieu focaram na Argélia. Mas podem estas pesquisas serem classificadas como parte dos "estudos pós-coloniais"? Este ensaio retoma os primeiros escritos de Bourdieu para mostrar que ele gerou uma abordagem crítica do colonialismo que superou os limites da episteme imperial francesa. Enquanto visões convencionais do colonialismo o viam como um meio neutro para a transferência cultural, portanto, refletindo apenas as preocupações e interesses da metrópole, Bourdieu chamou a atenção para as experiências e preocupações das pessoas colonizadas para teorizar o colonialismo como um sistema social estruturado pelo racismo e pela violência, que teve importante impacto sobre o colonizador e igualmente sobre o colonizado. Neste sentido, os primeiros trabalhos de Bourdieu não eram apenas sobre o colonialismo, mas eram também epistemologicamente pós-colonial.

Do campo da antropologia ao campo da educação: aproximações entre Darcy Ribeiro e Pierre Bourdieu

“…Das vivências na Argélia em guerra e dos horrores cometidos pelo colonizador contra a população local, Bourdieu constrói questionamentos acerca da brutalidade da dominação colonial exercida contra os locais, teorizando sobre o colonialismo de um modo que desafiou a episteme imperialista francesa. Após receber ameaças de morte, Bourdieu retorna à França, mas guarda fundo as experiências de sua passagem pelo norte da África, que tanto contribuíram para a construção de seu arsenal conceitual e analítico sobre as conexões entre processos de dominação que se manifestam no plano material e no plano simbólico (GO, 2018).…”

Indignação epistêmica e decolonização do conceito de minorias

“…Embora Bourdieu não se enuncie como pós-colonial, existem autores, tais como JulianGo (2018), que defendem que a perspectiva de sua análise sobre a Argélia não se limitou a uma crítica ao imperialismo francês, mas considerou o ponto de vista dos povos argelinos, em uma perspectiva pós-colonial.…”