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ResumoNesta pesquisa estive preocupada em refletir sobre uma questão de grande interesse para os estudos sociológicos da cultura: a investigação de uma manifestação da cultura popular. Busquei entender qual o lugar reservado para a experiência tradicional nesta cultura, mais especificamente, nos almanaques, cordéis e xilogravuras produzidas por José Costa Leite (JCL). A problemática formulada pelo teórico crítico Walter Benjamin para pensar as transformações da experiência (Erfahrung) e consolidação de uma forma privada de relação com mundo, que o autor chamou de vivência (Erlebnis), me pareceu um caminho interessante para analisar a produção popular de Costa Leite.Como materialista histórico, Benjamin analisa os fenômenos articulados ao contexto histórico em que eles se configuram. A metodologia empregada nesta pesquisa foi análoga à empregada pelo interlocutor teórico em questão, para que a investigação sobre a presença ou ausência da experiência tradicional na produção de Costa Leite possa ser entendida como desaparecimento ou não da experiência no mundo moderno e não como expressão de um outro fenômeno qualquer.A metodologia empregada nesta pesquisa, portanto, é o materialismo histórico. Como a minha hipótese inicial era a de que a produção de Costa Leite ainda era capaz de comunicar experiência foi necessário fazer o mesmo caminho que Benjamin realizou para elaborar o seu diagnóstico, ou seja, foi necessário pensar em que medida o contexto de produção de Costa Leite difere daquele em que Benjamin afirmou a morte da Erfahrung para que a produção de JCL possa não só ser considerada como uma forma de transmissão de saberes que também caminha na contramão do conhecimento especializado (e massificado), mas que se configure como uma possibilidade de comunicar Erfahrung.