Avaliação do consumo de leite e produtos lácteos informais e do conhecimento da população sobre os seus agravos à saúde pública, em um município do Estado de São Paulo, Brasil

Abstract

RESUMO: O leite é um alimento de elevado valor nutricional e considerado um dos principais produtos de origem animal consumidos nos dias de hoje. O Brasil destaca-se como um dos principais produtores de leite do mundo e desde 2006 vem apresentando aumento crescente em sua produção. Por outro lado, também se observa desde o início da década de 1990, crescimento do chamado leite e produtos lácteos informais (alimentos comercializados sem qualquer tipo de inspeção), representando desafio a ser vencido com relação à segurança alimentar. Muitas são as enfermidades que podem ser transmitidas por esses alimentos, como por exemplo, a tuberculose e a brucelose e poucos são os consumidores que estão atentos a essas informações. O fato agravase ao pensar que o leite e os produtos lácteos compõem a dieta de muitas crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas, o que pode tornar esse quadro mais grave. O presente trabalho teve como objetivo avaliar, por meio da aplicação de questionários em 23 bairros do município de São José do Rio Preto, o perfil de 805 entrevistados, que consomem ou não leite e produtos lácteos, o conhecimento que os mesmos apresentavam sobre as doenças transmitidas pelo leite e seus derivados e o significado dos selos dos Serviços de Inspeção. Como resultado, observou-se que 97,76% (787/805) dos entrevistados consomem leite ou seus derivados, e aproximadamente 30% são obtidos por meios informais de comércio. A forma de consumo desse produto é bastante variável, mas 3,93% (31/787) dos consumidores do município ainda ingerem leite cru sem a fervura ou pasteurização e 65,96% (531/805) dos consumidores desconhecem a possível transmissão de doenças através da ingestão do leite. Além disso, 80,24% (646/805) dos consumidores não procuram nas embalagens se o produto passou por algum tipo de fiscalização antes de chegar ao comércio -identificação através dos selos dos órgãos de inspeção sanitária. A obtenção desses dados visou colaborar para o desenvolvimento de programas preventivos no município, e as informações obtidas estão disponíveis para auxiliar os serviços de fiscalização na redução da comercialização de leite e derivados informais como também nas campanhas de esclarecimento para os consumidores.Palavras-chave: comércio informal, doenças, leite, produtos lácteos. EVALUATION OF CONSUMPTION OF MILK AND ITS INFORMAL DERIVATIVES AND THE KNOWLEDGE OF THE POPULATION ABOUT THE PUBLIC HEALTH PROBLEMS IN A MUNICIPAL DISTRICT IN SÃO PAULO STATE, BRAZILABSTRACT: Milk is a food of high nutritional value and is considered one of the main animal products consumed today. At the same time, Brazil stands out as one of the leading milk producers

Indicadores de qualidade e composição de leite informal comercializado na região Sudeste do Estado de São Paulo

“…Além disso, está ligada também às condições higiênicas de produção de leite e à qualidade/rendimento industrial da fabricação dos derivados lácteos (Vidal-Martins et al 2013). Desta forma, a CCS está intimamente associada com a qualidade do leite, determinando prejuízos aos produtores e à indústria processadora, além de impor restrições à comercialização do produto e derivados no mercado internacional (Arcuri et al 2006, Vidal-Martins et al 2013). Segundo estudos de Langoni et al (2011) a CCS é aceita internacionalmente como medida padrão para determinar a qualidade do leite.…”

“…Segundo estudos de Langoni et al (2011) a CCS é aceita internacionalmente como medida padrão para determinar a qualidade do leite. No presente estudo, o elevado número de amostras fora dos limites máximos de CCS permitidos pelo MAPA (Brasil 2012), é atribuído ao aproveitamento do leite de vacas portadoras de mastite, o qual não foi submetido a nenhum sistema de inspeção oficial, reforçando os resultados obtidos por Vidal-Martins et al (2013).…”

“…Este produto é denominado "leite informal" e é comercializado em utensílios plásticos ou de vidro elaborados para outros produtos, como refrigerantes (Vianna 2009, Vidal-Martins et al 2013. Apesar da irregularidade na comercialização do leite informal, são escassas as informações sobre a presença de micro-organismos, toxinas, resíduos de antimicrobianos, contagens bacterianas totais e de células somáticas, bem como dos constituintes nutricionais e físico-químicos (Langoni et al 2011, Vidal-Martins et al 2013. A ausência de informações de qualidade deste produto expõe a população ao consumo de leite com baixa qualidade, aos riscos de reações orgânicas indesejáveis, além de veicularem toxinas e micro-organismos com potencial zoonótico (Almeida et al 1999, Vasconcelos & Itto 2011.…”

“…Especula-se ainda que o consumo do leite informal ou clandestino tem crescido também na parcela da população de maior poder aquisitivo, cuja justificativa estaria relacionada ao consumo de produto natural, íntegro, com seus constituintes em proporções brutas preservadas e sem a presença de produtos químicos ou conservantes (Montanhini & Hein 2013). Entretanto, a marginalização desta produção, do comércio e a ausência de inspeção e tratamento térmico do leite informal, favorecem condições para fraudes e adulterações do produto, posto que este leite não é submetido a qualquer exigência de análise da qualidade organoléptica, composicional e microbiológica (Vidal-Martins et al 2013).…”

Detecção de caseinomacropeptídeo em leite cru

“…Ainda, o leite dispõe de condições ideais para crescimento de microrganismos patogênicos (VIDAL-MARTINS et al, 2013). TOMBINI et al, (2012) e MUNIZ et al, (2013 relataram a importância do leite na alimentação humana em diferentes fases da vida, haja vista o mesmo possuir proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais essenciais para o organismo.…”