Atletas olímpicas brasileiras e a maternidade: do mito à realidade

Abstract

Resumo-Ao longo da história, as mulheres foram proibidas de práticas de atividades competitivas em diferentes contextos e épocas, seja pelo espaço social que podiam ocupar ou por argumentos relacionados a sua biologia e constituição corporal. O corpo da mulher, no que tange sua fertilidade, referenciou determinantes às suas possibilidades sociais. Sob o viés mítico, as distintas figuras femininas sagradas eram aquelas que davam o dom da vida, a criação das coisas, muitas vezes sem necessitar de nenhuma figura masculina, enfatizando as questões da maternidade. Em certo tempo, a prática de atividade física poderia favorecer a mulher naquilo que seria-ou ainda o é-dito como sua função natural, mas sempre segundo determinações masculinas. Ainda que com as diferentes mudanças ao longo do tempo, as atletas olímpicas brasileiras ocuparam e ocupam estes espaços e papéis, carregando-os com todas as suas cargas, responsabilidades e culpas, tanto no desejo ou concretização da maternidade quanto na expressa vontade de não cumprir este papel imposto. Utilizando-se das narrativas biográficas, este artigo objetiva discutir as questões da maternidade que envolvem o esporte e, principalmente, as atletas olímpicas brasileiras.

Do protagonismo como atletas à baixa representatividade como treinadoras: trajetória de desenvolvimento de uma treinadora brasileira expert de taekwondo

“…Historicamente, tarefas que dizem respeito à família, desde os cuidados com filhos até gestão da casa, geralmente são de responsabilidade da mulher, sendo que estas podem representar uma barreira no desenvolvimento de treinadoras (Kilty, 2006). A exemplo de modelos propostos no hemisfério norte (Lavoi & Dutove, 2012), no Brasil a constituição de família pode representar um obstáculo para o desenvolvimento da carreira de mulheres no esporte desde o papel de atleta (Fetter, 2021), se prolongado para uma possível carreira como treinadora (Almeida & Freitas, 2021).…”

Implicações sociais e emocionais da gravidez para atletas: uma revisão integrativa da literatura

“…Como todas as dimensões vividas, a maternidade para as mulheres atletas tem muitas representações (sociais, morais, individuais) e repercute de maneira abrangente também em suas carreiras. Em muitos momentos as mulheres colocam a maternidade como um obstáculo em suas carreiras esportivas, evidenciando a possibilidade de ter prejuízos de contratos, afastamento das suas seleções e até interrupções de ciclos olímpico, vindo também o questionamento de como lidar com suas carreiras e do cuidar de seus filhos (FETTER, 2020).…”