Ativando as engrenagens da educação permanente na rede de atenção psicossocial: os desafios no cuidado a pessoas em abuso de substâncias psicoativas

Abstract

Este artigo apresenta a experiência do Projeto Engrenagens da Educação Permanente, promovido pelo Ministério da Saúde no município de Vila Velha, Espírito Santo, Brasil. Especificamente, serão trabalhadas as experiências das Rodas de Educação Permanente que ocorreram entre março e dezembro de 2016 e em que participaram servidores públicos dos equipamentos da Saúde e da Assistência Social, principalmente. As rodas debateram temas como redução de danos; judicialização da vida; descriminalização das drogas e racismo; e atenção à crise em saúde mental. Esse percurso mostra que é possível construir cuidado em liberdade e cuidado com a formação dos servidores públicos. Podemos notar que as rodas foram se constituindo como um espaço de autonomia e liberdade, capaz de fortalecer e transformar as práticas dos servidores.

Perfil dos egressos e da produção dos Trabalhos de Conclusão de Curso de uma especialização em saúde mental

“…Em 2008 a Organização Mundial de Saúde -OMS já previa que, em 2020, a depressão seria a segunda mais importante causa de incapacidade. 23 Os transtornos mentais representam uma parcela significativa da demanda da APS, o que pode corroborar os resultados que constituem o núcleo central, já que o transtorno mental comum pode representar de 30% a 50% dessa demanda. 24 Estudos no Brasil e no mundo revelam a limitação das práticas de cuidado em saúde mental ocasionadas pela carência de conhecimento e falta de aproximação dos profissionais com a saúde mental.…”

“…No entanto, o novo cenário político oferece risco a reforma psiquiátrica, uma construção sólida, que desenvolveu estratégias substitutivas a internação psiquiátrica nos últimos dezoito anos. 18 Embora no país já exista um vasto movimento de luta, cuja trincheira de resistência está nos serviços territoriais que se insere a Atenção Básica 23 , essas mudanças comprometem a formação dos profissionais, uma vez há retrocesso no modelo assistencial.…”

A educação permanente como instrumento para o matriciamento em saúde mental

“…Santos & Surjus (2019), não relatam como seria a inclusão dos pacientes nos encontros, contudo, é importante que a inserção deles também aconteça, a partir do desejo, e que não se torne burocratizado, já que a proposta do espaço é construir reflexões que tragam ganhos para o cuidado. Como apensa um estudo (Santos & Surjus, 2019) trouxeram a discussão, a participação dos pacientes, em que alguns pontos, ainda precisam ser esclarecidos: os espaços de educação permanente serão abertos a toda a população? É possível discutir processos de trabalhos, com a participação dos pacientes?…”

“…Três artigos (Rezio et al, 2019;Leite & Rocha, 2017;Leite et al, 2018) relatam que para se construir um espaço sólido e eficaz de discussão é preciso dos trabalhadores "uma postura de permanente aprendizagem que o instituído pode ser interrogado e desconstruído, diluindo as resistências e dando chance à diversidade de composições de práticas e conhecimentos" (Leite & Rocha, 2017, p. 208) Um ponto levantado por dois estudos (Dantas & Passos, 2018;Santos & Surjus, 2019) analisados foi a dificuldade de dar continuidade ao matriciamento a partir da educação permanente com a alta rotatividade de profissionais, que acontece nos serviços de saúde. Um dos estudos traz que "a rotatividade dos profissionais […] deixava as equipes incompletas, gerava sobrecarga de trabalho; e quando entravam novos profissionais, era necessário reiniciar todo o trabalho, desde a sensibilização até à adesão efetiva deles" (Dantas & Passos, 2018, p. 216).…”

“…Com a análise dos artigos encontrou-se também, a educação permanente realizada como matriciamento, a partir de um programa financiado pelo Ministério da Saúde, o Projeto Research, Society and Development, v. 9, n. 7, e952954685, 2020 (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4685 engrenagens da educação permanente (PEEP) (Santos & Surjus, 2019), que teve como objetivo formar, qualificar e fortalecer equipes da RAPS. Nesse estudo são descritos os passos para a construção da EPS, onde os encontros aconteciam com regularidades e foram utilizados diversas materiais para a formação: apresentação de casos para subsidiar discussões, presença de especialistas trazendo dados relevantes ao profissionais, vídeos, filmes, leituras complementares, entre outros, durante todo o processo, em que os participantes tiveram participação ativa, sendo deliberados por eles as temáticas que iria ocorrer nos encontros posteriores.…”