“…Assim, no contexto da infertilidade, a inflexibilidade psicológica pode traduzir-se na indisponibilidade para estar em contacto com acontecimentos privados aversivos (e.g., pensamentos dolorosos acerca das suas dificuldades em alcançar a parentalidade, respostas emocionais como a tristeza ou o stress) e agir de forma discordante com os seus valores, por exemplo evitando reuniões familiares ou com amigos nas quais estejam presentes crianças, quando na realidade o estar presente para a família e amigos seria um dos seus valores. Os indivíduos podem também evitar assuntos relacionados com estes pensamentos/ sentimentos, procurando suprimi-los(Galhardo et al, 2020).Atendendo a que especificamente na área da infertilidade, o contributo da inflexibilidade psicológica no sofrimento das pessoas afetadas por esta condição médica e social se encontra pouco examinado, o objetivo principal deste estudo, é o de explorar o papel mediador da inflexibilidade psicológica relacionada com a infertilidade, na relação entre o stress relacionado com a infertilidade e os sintomas depressivos, em mulheres com um diagnóstico de infertilidade a realizar tratamento médico para esta condição. Hipotetiza-se que as preocupações sociais, sexuais, relativas à relação conjugal, assim como o desejo de parentalidade e a rejeição de um estilo de vida sem filhos, que integram o stress relacionado com a infertilidade, possam ter um efeito direto sobre os sintomas depressivos experienciados por estas mulheres, mas que esse efeito possa igualmente ser mediado pela inflexibilidade psicológica (indisponibilidade para estar em contacto com estes sintomas de stress e esforços para os suprimir ou modificar) (Modelo 1).…”