Assédio Moral no Trabalho: A Compreensão dos Trabalhadores sobre a Violência

Abstract

O assédio moral no trabalho é uma situação já recorrente há muito tempo, porém somente nas últimas décadas que realmente foi identificado como um fenômeno destruidor do ambiente laboral, não apenas provocando a diminuição da produtividade, mas também favorecendo o absenteísmo devido aos efeitos/consequências que provoca (Hirigoyen, 2008). Por sua vez, uma das grandes dificuldades de combater e coibir a violência é a informação sobre ele, seu conceito e características. Neste sentido, o presente artigo teve por objetivo descrever a definição de assédio moral no trabalho a partir do relato dos participantes sobre o tema em um termo/palavra. Para tanto utilizou-se de três pesquisas que ocorreram em 2008, 2010, e 2014-15, tendo como público-alvo trabalhadores de diversos setores, como por exemplo, bancário, docentes e técnico-administrativos, saúde, justiça, e demais. Como conclusões, os participantes definiram o assédio moral prioritariamente por aspectos da prática hostil, como humilhação, desrespeito, abuso; e em sequência como uma consequência/efeito, como vergonha, medo, raiva. Verificou-se ainda que existe similaridade dos termos utilizados pelos participantes das pesquisas de 2008 até 2015.

A sistematização legislativa do assédio moral no trabalho âmbito das administrações públicas Estaduais no Brasil

“…Os conceitos de assédio moral apresentados pelos autores e pesquisadores nacionais e internacionais, são, em sua maioria, similares e complementares (Nunes, Tolfo, & Espinosa, 2018). Destacamos, a seguir, algumas definições da temática:…”

“…Por ter se tornado um tema "popular" na academia a na mídia, a compreensão e caracterização do assédio muitas vezes é feita de forma errônea (Nunes et al, 2018). Desse modo, sua caracterização denota certa atenção.…”

“…Desse modo, sua caracterização denota certa atenção. Existe um conjunto de características que auxiliam na definição do assédio, a saber: a intencionalidade, cuja forma pode ser deliberada ou não, sendo que a não intencional não torna o ato menos violento ou danoso à vítima; a direcionalidade do ato, a um indivíduo um grupo específico; a frequência e duração, de modo que o assédio moral é uma situação frequente e repetitiva, e não um ato isolado; o desequilíbrio de poder, situações em que a capacidade de ataque e defesa de cada um é desigual, não se remetendo necessariamente ao poder hierárquico; e o caráter processo, haja vista que o assédio moral pode "evoluir" gradativamente, passando de situações mais veladas para ataques mais visíveis e violentos (Einarsen, Hoel, Zapf, & Cooper, 2011;Nunes et al, 2018).…”

“…O fato é que o assédio moral é uma situação que existe desde sempre, se manifestando de diferentes maneiras conforme o contexto em que ocorre (Heloani, 2004;Nunes et al, 2018). O acirramento da competitividade pode ter um efeito de potencializar o assédio moral, de modo que "a administração por stress permite a naturalização de caminhos reprováveis, que servem de via de acesso para dar vazão à falta de escrúpulos de profissionais perversos, que retiram prazer de atos aviltantes e tirânicos" (Freitas, 2001, p. 18).…”

Assédio moral na pós-graduação: As consequências vivenciadas por docentes e discentes de uma Universidade Estadual brasileira

“…O assédio moral no trabalho é considerado temática complexa e dinâmica (Einarsen, Hoel, Zapf, & Cooper, 2011), que se apresenta como um fenômeno debatido de forma volumosa nas mais diversas áreas da academia, da sociedade e das mídias (Nielsen & Einarsen, 2018;Nunes, 2016). Embora a discussão seja intensa, seu entendimento (conceito, características, consequências) ainda carece de maiores explanações (Nunes, Tolfo, & Espinosa, 2018). Para os autores, parte da população e também parte dos pesquisadores têm a compreensão errada do fenômeno, o que acaba prejudicando a sua identificação e banalizando sua ocorrência.…”