“…O fenómeno do empréstimo linguístico dos falares árabes, oriundos nomeadamente das áreas setentrionais da África -mais próximas a nível geográfico aos territórios do Sul da Península Ibérica e, por conseguinte, facilmente acessíveis pelos grupos berberes -incentivou, durante cinco séculos, o processo de dinamismo lexical das línguas neolatinas, neste período em fase de evolução morfossintática e fonética por causa da miscigenação entre o latim vulgar importado pelos Romanos e as línguas tanto de substrato como de adstrato e superstrato (Castro 1991: 139-159;Maranhão 2018: 131). Para denotar todas as inovações culturais introduzidas pelos povos muçulmanos, nomeadamente tecnicismos pertencentes ao campo semântico da arte bélica islâmica, da estrutura político-social oriental, das ciências e do sector agrícola, foram adotadas inéditas etiquetas lexicais que constituíram progressivamente parte da herança linguística oral das comunidades ibéricas (Santos 1980: 578;Alves 1999: 5-8;Machado Filho 2013;Suisse 2020).…”