A neurocisticercose tem sido objeto de numerosos trabalhos por parte de escola neurológica de São Paulo (Brasil). Aspectos clínicos (Brotto, 1947;, cirúrgicos (Forjaz e Martinez, 1961; Almeida e col., 1966), formas menos comuns (Canelas e col., 1962 e 1963), aspectos psiquiátricos (Silveira e col., 1960), aspectos liquóricos (Spina-França, 1961 e 1962, aspectos eletroforáticos (Spina-França, 1960), aspectos eletrencefalográficos (Longo e col., 1959) e aspectos terapêuticos (Caetano Silva Jr., 1951) foram estudados de tal maneira, que hoje já se acumulou grande experiência nos diversos setores em que pode ser estudada esta neuroparasitose.A análise da casustica de neurocisticercose do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, revela elevada incidência na primeira década, demonstrando que as crianças também pagam elevado tributo ao subdesenvolvimento, conforme sentencia Canelas (1962) ao verificar que 19,6% (54 casos) dos pacientes estudados neste Departamento tinham menos de 10 anos de idade. O presente trabalho visa a apresentar as observações clínicas de 6 crianças, do sexo feminino, com 6 a 9 anos de idade, selecionadas do referido grupo de 54 casos observados na primeira década. Estas crianças apresentavam sérios distúrbios na esfera psíquica, com características especiais, uma vez que seu quadro mental era diverso daquele freqüentemente observado nesta parasitose, ou seja, uma decadência mental global.CASUÍSTICA CASO 1 -V. C. P., 8 anos de idade, sexo feminino, branca, procedente de Araguari, Minas Gerais, internada em 6-9-1968 (R.G. 527.806). Em setembro de 1957 a paciente começou a apresentar cefaléias e convulsões adversivas no hemicorpo direito. As crises foram se tornando progressivamente mais freqüentes e sua localização variada: eram clónicas, atingindo ora o hemicorpo direito, ora o esquerdo, ou então ambos os lados; concomitantemente, passou a ter deficit de visão assiTrabalho apresentado ao V Congresso Latinoamericano