A erliquiose e anaplasmose são hemoparasitoses que vem acometendo cães e gatos atendidos em clínicas e hospitais veterinários do Brasil. Essas doenças parasitárias têm como principal vetor o carrapato-marrom (Rhipicephalus sanguineus), principal ectoparasito que infesta cães e gatos, podendo até parasitar acidentalmente os seres humanos. Esse ixodídeo ao realizar o repasto sanguíneo em seus hospedeiros pode inocular bactérias do gênero Ehrlichia sp. e Anaplasma sp., as quais irão se disseminar por células do sistema circulatório, podendo gerar diversas patologias. Devido à complexidade clínica de alguns casos, o objetivo desse trabalho é relatar as alterações neurológicas em uma cadela com anaplasmose e erliquiose. Foi atendido pela equipe do Laboratório de Doenças Parasitárias dos Animais da Universidade Federal de Sergipe, campus do Sertão, uma cadela, errante, de cinco anos de idade, pesando 17 kg, com historico de alterações neurológicas há cerca de 30 dias. Ao exame físico foi observado ataxia, disfunção neuromotora e vestibular, tremores, vocalização, desidratação, mucosas hipocoradas, hiperqueratose nos coxins, petéquias no abdômen, além da presença de carrapatos. Exames hematológicos revelaram anemia, trombocitopenia, além de mórulas de bactérias E. canis e A. platys. Não foram detectados anticorpos do tipo IgM para o vírus da cinomose canina. Como tratamento terapêutico foi utilizado antibioticoterapia associado a suplementação de vitaminas e controle dos ectoparasitos.