2011
DOI: 10.1590/s1414-98932011000200013
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As relações cotidianas e a construção da identidade negra

Abstract: O negro brasileiro tem sido exposto diariamente a situações de humilhação. Aprende, desde cedo, através de mecanismos eficazes de reprodução ideológica, que as características identitárias valorizadas positivamente são as do branco e que lhe cabe não mais que a reprodução do ideal branco-europeu para poder ser socialmente aceito. O objetivo deste trabalho foi o de ressaltar alguns processos aos quais a pessoa negra está submetida na construção de sua identidade, enfatizando aqueles que ocorrem em situações cot… Show more

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“…Tais vivências ocasionariam uma tendência desta parcela da população a tentar se aproximar do padrão ideal e normalizador, neste caso o branco, e se afastar de sua ancestralidade africana. Em sua maioria, os artigos trazem que este processo se expressa através da rejeição da afrodescendência (Gomes, 2002;Carvalho, 2004;Nery & Conceição, 2006;Silva & Branco, 2011;Ferreira & Camargo, 2011;Medeiros, 2011;Máximo, Larrain, Nunes, & Lins, 2012;Cruz, 2014;Ponte, 2018). No estudo de Carvalho (2004), observou-se a dificuldade de os indivíduos definirem-se como "pretos" ou "pardos", optando por definições como "moreno-escuro" ou "moreno-claro" ou "meio branco, meio moreno", entre outras denominações.…”
Section: Tornar-se Branco Para Ser Aceitounclassified
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“…Tais vivências ocasionariam uma tendência desta parcela da população a tentar se aproximar do padrão ideal e normalizador, neste caso o branco, e se afastar de sua ancestralidade africana. Em sua maioria, os artigos trazem que este processo se expressa através da rejeição da afrodescendência (Gomes, 2002;Carvalho, 2004;Nery & Conceição, 2006;Silva & Branco, 2011;Ferreira & Camargo, 2011;Medeiros, 2011;Máximo, Larrain, Nunes, & Lins, 2012;Cruz, 2014;Ponte, 2018). No estudo de Carvalho (2004), observou-se a dificuldade de os indivíduos definirem-se como "pretos" ou "pardos", optando por definições como "moreno-escuro" ou "moreno-claro" ou "meio branco, meio moreno", entre outras denominações.…”
Section: Tornar-se Branco Para Ser Aceitounclassified
“…Cabe ressaltar que o processo de branqueamento é construído tanto no contexto privado (relações familiares) quanto no público (relações sociais mais amplas) como assinalam vários estudos aqui revisados (Ferreira & Camargo, 2011;Silva & Leão, 2012;Cruz, 2014;Máximo et al, 2012;Miranda, & Chaves, 2015). Constatou-se que no contexto familiar o indivíduo negro aprende os primeiros preceitos racistas, sendo ensinado a rechaçar suas características marcadamente negras (Silva & Leão, 2012).…”
Section: Tornar-se Branco Para Ser Aceitounclassified
“…Em muitas situações narradas, a participante mostra que suporta um sofrimento que comumente acomete as pessoas negras no Brasil: Sofia é subordinada a uma condição de inferioridade, tem suas capacidades físicas desvalorizadas e sente-se deslocada no contexto social (Ferreira, & Camargo, 2011). A discriminação não está presente apenas em atos e palavras dos clientes, que materializam o preconceito.…”
Section: Negritude Feminilidade E Sexualidadeunclassified
“…Então a gente fica chateada, entendeu? (Sofia) No Brasil, são assumidas as características do branco europeu como representativas da superioridade étnica do padrão caucasiano, enquanto que o negro, com características físicas diferentes, é subjugado como um tipo étnico inferior (Ferreira, & Camargo, 2011). Isso é visível no caso de Sofia, uma vez que as mulheres que trabalham no mesmo local recriminam abertamente seu cabelo, que por não ser liso como das demais colegas brancas, é considerado "duro", "ruim", uma característica fenotípica que supostamente expressaria seu caráter inferior.…”
Section: Negritude Feminilidade E Sexualidadeunclassified
“…Como conceito chave para a compreensão das relações humanas, a constituição da identidade de um indivíduo pressupõe uma interação com outros de sua espécie. O reconhecimento, ou a ideia que um sujeito faz de si mesmo, é mediada pelo outro social, portando não se pode construir uma identidade no isolamento, pois trata-se de uma categoria que pressupõe o diálogo consigo mesmo e com os outros e, a transformação durante o processo de existência humana (CIAMPA, 1987;PAIVA, 2007;PINTO;FERREIRA, 2015).…”
Section: Introductionunclassified