O presente trabalho é o resultado de uma análise transtextual, conforme dispõe Genette (2006), do conto “Viagens e Viajantes na História da Literatura”, de João Inácio Padilha (1988). Tal análise é aliada à concepção da dupla estrutura formal do conto, de Ricardo Piglia (2004), aos preceitos da metaficção historiográfica, de Hutcheon (1989), e aos de ficção autobiográfica, de Perrone-Moisés (2016). Esta análise, típica das práticas hipertextuais, permitirá observar como o conto objeto retoma enunciados primeiros para ressignificá-los e recontextualizá-los na construção da sua narrativa. Verificando-se que “Viagens e viajantes na História da Literatura” resulta em uma poética da escrita machadiana que permite repensar a obra do autor de Dom Casmurro como uma narrativa de resistência aos grandes centros hegemônicos, como é o caso da França, para a época do escritor. Machado propunha um encontro dialético entre o que seria uma escrita nacional e universal, negando a obrigatoriedade de uma escrita exótica de cor local para anular a fronteira entre o local e o universal.