RESUMO: Objetivo: Geral: avaliar o desempenho do sistema APACHE II no pré-operatório de operações de grande e pequeno porte como indicador prognóstico. Os objetivos secundários são: (a) avaliar o sistema no pré-operatório para predizer morbidade; (b) comparar resultados entre os dois grupos e; (c) comparar a mortalidade observada com a esperada, calculada pela Equação de Knaus. Método: Estudo de coorte prospectivo, por 30 meses. No Grupo 1, correspondente à operação de pequeno porte, incluídos 30 pacientes submetidos a herniorrafia inguinal. No Grupo 2, correspondente à operação de grande porte, incluídos 50 casos, sendo: 20 submetidos à esofagectomia, 20 à gastrectomia e 10 à duodenopancreatectomia cefálica. Resultados: A média do APACHE II no Grupo 1 foi de 2,5 pontos (0 a 8 pontos).No Grupo 2 teve média de 3,9 pontos (0 a 12 pontos). A morbidez tanto geral quando calculada de acordo com índice de pontos baixo, moderado e alto, apresentaram significância na comparação de ambos grupos pelo teste quiquadrado (p<0,00001). A mortalidade geral e o índice alto de pontos, no cálculo quiquadrado corrigido Yates, apresentaram diferença entre os grupos (p<0,001 e p<0,0005). Estratificada a mortalidade por classe de pontos, esta não foi diferente nas classes de baixa e moderada pontuação. Conclusão: O sistema demonstrou tendência para predizer desfecho a pacientes submetidos à operação de grande porte. Pacientes apresentando, no pré-operatório de operações de grande porte, APACHE II acima de oito apresentam índice elevado de morbidez e mortalidade (Rev. Col. Bras. Cir. 2006; 33(5): 272-278
INTRODUÇÃOA necessidade de respostas sobre como o doente se apresentará após ter sido submetido a uma injúria, deparase com o processo de reconhecimento da multifatoriedade e complexidade do organismo. Seria possível inseri-lo em uma escala, índice, escore, que teria o objetivo de predizer prognóstico ou morbidez, e ainda, independente do seu diagnós-tico, forma de apresentação, evolução, tratamentos prévios, iatrogênicos ou não?A avaliação da morbimortalidade é um dos alicerces que regem a escolha terapêutica. Tentar classificar o paciente em valores numéricos e expressivos seria o ideal e vantajoso. A primeira tentativa foi realizada por especialistas em Anestesia na década de 60 (Classificação da ASA)1 . O desenvolvimento de novas formas de tratamento, da anestesia, das unidades de tratamento intensivo, tornou possível a realização de grandes procedimentos cirúrgicos e a recuperação de pacientes que anteriormente apresentavam o óbito como desfecho. O cirurgião tem o conhecimento terapêutico e fisiopatológico do trauma cirúrgico e suporte para recuperação, porém fica a dúvida de qual paciente se beneficiará. O conhecimento da estatística e da medicina baseada em evidência trouxe o suporte necessário para uma nova era de índices matematicamente comprovados como eficazes.A escala denominada "Acute Physiology And Chronic Health Evaluation -APACHE" foi desenvolvida por Knaus 2 em 1981 e revisada e simplificada em 1985
3. O método tem o ...