Neste artigo, conceituamos microagressões relacionadas ao ensino e à aprendizagem de matemática, na perspectiva de elucidar sua noção e destacar algumas de suas possíveis manifestações na educação matemática. Nessa direção, discutimos estudos recentes, e que também temos conduzido, que vêm indicando uma relação importante entre as vivências de futuros professores e professoras que ensinam matemática com esse fenômeno e a falta de domínio de conteúdos matemáticos durante as aulasdesenvolvimento de reações aversivas em relação à matemática, que muitas vezes favorecem a manifestação de episódios de ansiedade matemática ou procrastinação. Argumentamos que as microagressões relacionadas ao ensino e à aprendizagem de matemática possuem características similares em relação às microagressões raciais. Entretanto, as questões sobre o ensino e a aprendizagem focam especificamente nos contextos de sala de aula e nas relações estabelecidas entre o professor, o/a estudante e o saber. Aqueles que têm dificuldades com o saber matemático, em ambientes acadêmicos e escolares, muitas vezes acabam sendo rotulados como incapazes de aprender e passam, ao longo de suas vidas, por situações desconfortantes. Por conta disso, a matemática possui um importante prestígio social, favorecendo o desenvolvimento de uma relação muito íntima entre matemática e poder que se reflete no contexto escolar. Considerações educacionais são discutidas acerca dos impactos das microagressões na formação docente nas relações que se estabelecem com os estudantes sob vários aspectos.