Os incêndios de outubro de 2017 devastaram toda a Região Centro de Portugal, tendo registado severos impactos socioeconómicos ao nível local e regional, ao comprometer o normal funcionamento das atividades económicas. O sistema turístico desta região que, nos últimos anos, tem contribuído para um novo aproveitamento dos espaços rurais e para a regeneração do seu tecido socioeconómico, naturalmente, não escapou às perturbações que os incêndios criaram. No presente estudo, que se debruçou, essencialmente, sobre o território de Arganil, Oliveira do Hospital e Tábua, três dos concelhos mais afetados pela catástrofe, pretendeu-se perceber os impactos registados, bem como as ações tomadas na posterioridade, de forma a mitigar os impactos e a reabilitar a atividade turística no pós-catástrofe, restabelecendo a normalidade do sistema turístico e aumentando a sua resiliência. Para tal, a metodologia consistiu na realização de entrevistas semiestruturadas a três grupos de interesse (político, empresarial e cultural), as quais permitiram concluir que houve, efetivamente, a implementação de um conjunto de medidas de apoio à recuperação das empresas turísticas afetadas, bem como o desenvolvimento de estratégias de comunicação com vista à qualificação e valorização do território após a catástrofe. No entanto, não se registou uma abordagem concertada entre os vários stakeholders, contemplando os interesses de todos, o que se constitui como um dos principais requisitos para um sistema turístico resiliente.