ResumoApesar do crescente investimento na implantação de políticas públicas e programas de saúde voltados para a prevenção e diagnóstico precoce, o câncer ainda apresenta-se como uma das principais causas de morte em todo o mundo, com maior letalidade entre o público masculino. Na perspectiva da Pesquisa Qualitativa e ancorado nos pressupostos das Teorias de Gênero, este estudo teve como objetivo compreender as sentidos que os homens atribuem ao processo de adoecimento por câncer e ao tratamento oncológico. Foram entrevistados 16 pacientes, com diferentes tipos de neoplasias, internados em um hospital público, referência em oncologia, na cidade de Belo Horizonte -MG. Os resultados apontam para implicações do processo de socialização e construção da identidade masculina na maneira como os homens vivenciam o adoecimento e se vinculam às práticas de cuidado. A nova condição e as limitações impostas pela enfermidade e a rotina assistencial não-familiar, mostram-se incoerentes com a posição socialmente atribuída aos homens e contrárias aos padrões estabelecidos pelo modelo de masculinidade hegemônica, contribuindo para sentimentos de medo, tristeza e angústia. A necessidade de afastamento das atividades laborais e os refl exos do tratamento no exercício da sexualidade foram destacados pelos participantes, contribuindo para a sensação de redução e perda da masculinidade. Observa-se a necessidade do desenvolvimento de ações em saúde que considerem a dimensão de gênero, favorecendo assim o reconhecimento das necessidades de saúde específi cas e as singularidades do público masculino.Palavras-chave: Neoplasias, saúde do homem, gênero e saúde, Psicologia Social.
AbstractFrom the perspective of Qualitative Research and anchored on the assumptions Gender's Theories, this study aimed to understand the meanings that men attribute to the illness process of cancer and oncologic treatment. We interviewed 16 patients with different types of cancer, admitted to a public hospital, oncology reference, in the city of Belo Horizonte -MG. The results point to implications of the socialization process and the construction of masculine identity in the way that men experience the illness and are linked to the practices of care. The new condition and the limitations imposed by illness and routine care unfamiliar, appear incoherent with the position social attributed to men and contrary to the standards established by the model of hegemonic masculinity, contributing to feelings of fear, sadness and distress. The necessity of depart of labor activities and the refl ections of treatment in the exercise of sexuality were highlighted by participants, contributing to the sense of reduction and loss of masculinity. Observes the need of developing of public health efforts to consider the gender dimension, favoring the recognition of specifi c health needs and singularities of the male audience.