No passado, os Terena chegaram a ser submetidos pelos invasores portugueses e espanhóis e por outras etnias. Talvez, por isso, encontra-se nos livros que, para manterem a própria sobrevivência, aceitavam, com relativa facilidade, as regras do dominador.É cabível apontar aqui alguns questionamentos que ao longo deste trabalho serão estudados: a perda da liberdade e a aceitação das imposições do outro povo são ou não fatores decisivos para a perda da identidade cultural? Qual seria, nos dias atuais, a potencialidade de resistir culturalmente? Se esta resistência for possível, como poderia ser apreendida?No livro "Os índios e nós: estudos sobre sociedades tribais brasileiras", Seeger (1980) destacou uma situação interessante sobre os índios idosos: "A posição dos velhos é uma das muitas características das sociedades indígenas brasileiras sobre as quais praticamente não dispomos de dados etnográficos." (p.78).Apesar desta dificuldade, achei importante justamente analisar esta faixa etária, porque, no caso da memória social e da tradição indígena, através dos idosos, é possível visualizar, com mais clareza, estes aspectos.Fernandes Júnior (1997) realizou, no seu trabalho, entrevistas com índios Terena. É interessante observar que, segundo sua interpretação, a tradição indígena e a memória social estão comprometidas, a exemplo do que mostra a entrevista realizada com C. Francelino, 66 anos, ex-cacique de uma aldeia e residente no Bairro Marçal de Souza, na qual o velho índio colocou que: Existem inúmeras coisas do idioma que até a minha geração sabe, mas os jovens de 16 e 17 anos não tem conhecimento, já estão mais difíceis. (...) Agora até mesmo a minha geração não tem conhecimento de algumas palavras usadas pelos nossos antepassados. (...) Acredito que todos devem se esforçar para que nosso povo possa conservar a tradição da língua materna. (p. 84).Referente a isto, Alfredo Bosi (1987) fez uma importante colocação: "As sociedades que se esquecem do seu passado, mesmo do seu passado recente, vagarão e errarão estupidamente sem encontrar a porta de saída que é a reflexão sobre o passado." (p.54). Ecléa Bosi (1995) complementou ao relacionar o idoso com a tradição: