Algumas reflexões sobre elementos de base e estratégias da Análise do Discurso

Abstract

ResumoEste artigo propõe algumas reflexões sobre a Análise do Discurso. Elas se concentram em primeiro momento sobre a associação explicito e implícito dos diferentes enunciados, para daí abordar a interdisciplinaridade constitutiva da Análise do Discurso. Em seguida, indaga-se sobre o porquê das estratégias discursivas e buscase definir o que seria a estratégia de captação inserida em um gênero especial de discurso: o político e, mais especificamente, aquele que se refere às trajetórias de dois ex-presidentes da República, um brasileiro e outro francês. Finalmente a terceira reflexão toma por objeto o gênero narrativa de vida. A questão que se coloca então é a de saber se este gênero, quando sustentado pela voz dos dois políticos objeto da pesquisa, tem uma função argumentativa. O artigo tem por objetivo interrogar alguns pontos básicos da Análise do Discurso e, sobretudo, suscitar ainda reflexões sobre o que é proposto. Palavras-chaveAnálise do Discurso, Estratégias discursivas, Discurso político, Narrativas de vida.

Narrativas de Vida de Antígona (Sófocles), Sor Juana e Olympe de Gouges: a Justiça no divã da Análise do Discurso

“…Entre elas, o Seminário sobre Linguística do Texto e do Discurso: estudo de estratégias discursivas correntemente empregadas em diferentes atos comunicativos, disciplina ministrada pela professora Ida Lucia Machado. Percebi então que as narrativas de vida, como materialidade discursiva (MACHADO, 2009(MACHADO, , 2011(MACHADO, , 2012(MACHADO, , 2014(MACHADO, , 2015(MACHADO, , 2016, abrem um campo epistemológico relevante tanto para a Análise do Discurso quanto para a Ciência Jurídica, pois elas nos permitem teorizar sobre os discursos provenientes de distintos sujeitos com seus fins comunicativos.…”

“…Nesse contexto e para melhor compreensão das diversas vozes que fazem brotar o Direito, acreditamos que as narrativas de vida, conforme propõe Machado (2009Machado ( , 2011Machado ( , 2012Machado ( , 2014Machado ( , 2015Machado ( , 2016Machado ( e 2018, nos ajudarão a trilhar o caminho em busca das origens do pensamento jurídico. Com as palavras da autora, explicitamos as nossas razões para a escolha desse componente teórico:…”

“…Nesse contexto de busca das origens do Direito, conforme já afirmamos, acreditamos que as narrativas de vida em diferentes materialidades discursivas, segundo Machado (2009Machado ( , 2011Machado ( , 2012Machado ( , 2014Machado ( , 2015Machado ( , 2016Machado ( e 2018, nos ajudarão na composição da análise que faremos a respeito das formações discursivas que revelam as fontes jurídicas.…”

“…O corpus é composto por epístolas, declarações, diálogos e cenas enunciativas de três expoentes literários, Antígona de Sófocles (442 a.C.), Sor Juana Inés de la Cruz (1648Cruz ( -1695 e Olympe de Gouges . Os referenciais teóricos da pesquisa concentram-se, especialmente, nas abordagens de Machado (2009Machado ( , 2011Machado ( , 2012Machado ( , 2014Machado ( , 2015Machado ( , 2016Machado ( , 2019 sobre narrativas de vida, na Teoria Semiolinguística desenvolvida por Charaudeau (1983Charaudeau ( , 2001Charaudeau ( , 1992Charaudeau ( , 2012Charaudeau ( , 2013Charaudeau ( , 2014Charaudeau ( , 2015Charaudeau ( [2005), na Teoria da Ação Comunicativa, conforme Habermas (2014Habermas ( [1962, 2010 [1971],1999 [1981], 1989 [1983], 1997 [1992], 2002 [1996]), em alguns conceitos que tocam as noções de ethos panfletário, discutidos por Amossy ( 2014), e na dimensão do hiperenunciador, como propõe Maingueneau (2008). Para a revisão de literatura das fontes do Direito, a pesquisa buscou traçar um mapeamento do tema, conforme delineado por teóricos da Ciência Jurídica em diálogo com a filosofia de Michel Foucault (2002Foucault ( [1969Foucault ( ], 2004Foucault ( [1970).…”

“…A proposta da nossa tese apresenta como objeto de estudo as narrativas de vida e seus efeitos, conforme Machado (2009Machado ( , 2011Machado ( , 2012Machado ( , 2014Machado ( , 2015Machado ( , 2016Machado ( , 2019 8 , tendo em vista os arranjos linguageiros 9 de três expoentes literários, Antígona de Sófocles (442 a.C.), Sor Juana Inés de la Cruz (1648Cruz ( -1695 e Olympe de Gouges (1748Gouges ( -1793, vozes femininas que revelam as marcas identitárias de um pensamento primitivo e fundacional sobre a complexidade dos Direitos Humanos. Assim, ao longo desta pesquisa, buscamos verificar em que medida essas vozes, componentes do corpus selecionado, podem ser entendidas como precursoras das bases principiológicas que nos levariam a ampliar o estudo das fontes do Direito 10 pelos olhares femininos, em suas dimensões históricas e discursivas.…”