Além do embate o sujeito: a construção de um 'novo' homem e uma 'nova' mulher no MST

A evolução organizacional do MST

“…A líderes que têm ilusões de concessões e reformas de regimes estabelecidos ou financiadores internacionais faltam visão estratégica e projeto, levando a organização a falsos rumos e expectativas, que geram divisões internas, conflitos ideológicos e desmoralização política -um sentimento de que não há alternativas (VELTMEYER;PETRAS, 2002, p. 92 Não há uma categoria unificadora que possa abranger todos numa uniformidade de situação de origem, como a de "excluído" ou a de "pobre" ou, mesmo, a de "sem-terra". A diversidade de origem dos assentados sugere que a massa de clientes da reforma agrária é constituída pelos resíduos de várias categorias sociais que se desagregaram em conseqüência de transformações econômicas, sobretudo na agricultura, nos últimos 50 anos: colonos de café, pequenos arrendatários de formação de fazendas em várias regiões, como o Paraná, o Oeste de São Paulo e Goiás, moradores das fazendas de cana-de-açúcar no Nordeste, pequenos agricultores e proprietários do Sul do país, pequenos posseiros na Amazônia, não raro abandonados pela decadência da economia extrativista (MARTINS, 2003, p. 34-5 19911992199419982000200320042006 60% 61% 60% 60% 80% 80% 80% 80% 67% 67% 57% 57% 80% 76% 88% 87% 79% 79% 72% Não-camponeses 40% 33% 33% 33% 13% 13% 13% 13% 29% 29% 38% 38% 16% 16% 8% 9% 17% 17% 23% Sem Informação 0% 6% 7% 7% 7% 7% 7% 7% 5% 5% 5% 5% 4% 8% 4% 4% 4% 4% 5% Fonte: Entrevista-questionário com três integrantes do MST, com base em listas de presença em reuniões da Direção Nacional A historiadora Cristiani Bereta da revela que, apesar da mobilização das mulheres na formação do movimento e dos discursos sobre a abertura da organização às mulheres, se mantém uma estrutura fechada à participação feminina nas ocupações. Ela pesquisou, entre 1997 e 2004, um acampamento e dois assentamentos do MST em Santa Catarina.…”

“…Assim, o discurso dos líderes mostra quão masculinizado é o desejo de se constituir uma militante feminina no MST: atuante, companheira, decidida, ativa nas reuniões, nos embates e nos assentamentos. Ao mesmo tempo, esse discurso as estigmatiza como donas-de-casa, mães, com os afazeres domésticos, com os compromissos da casa, com os filhos, ou seja, com uma dupla jornada que reflete bem a entrada da mulher na esfera política, mas ainda com as obrigações da esfera privada (KARPISKI, 2006).…”