Administrando na transição

Abstract

A primeira metade da década de 1990 assistiria a uma euforia social somente comparável à euforia dos anos 1920. Como a última, a "neo-euforia" também terminaria de forma abrupta e inglória. A euforia econômica terminaria com o crash dos mercados asiáticos no fi nal da década; a euforia política, arranhada pelas carnifi cinas dos Bálcãs e de Ruanda, seria ofi cialmente encerrada no dia 11 de setembro de 2001, quando a ilusão coletiva da invulnerabilidade do gigante do Ocidente ruiu, juntamente com as Torres Gêmeas.Se os intérpretes precipitados da realidade antes apregoavam o advento da Pax Americana, passaram então a descrever em detalhes -e ainda o fazem -o irreversível declínio de um "império" cujo prazo de validade havia expirado.O futuro, diriam eles, agora pertence ao Sul geopolítico, aos povos cheios de energia dos países emergentes. A realidade, paralelamente, parecia modifi car-se: globalização, informática, biotecnologia e outros fenôme-nos surgiam no dia-a-dia empresarial. Em meio a tudo isso, os administradores devem conduzir suas empresas pelos mares revoltos de um presente que parece não comportar previsões duradouras.Como deve proceder o administrador cercado por interpretações tão díspares da realidade? Em primeiro lugar, é preciso ter em mente a idéia de que vivemos em um período de transição. Podemos seguir alguns historiadores e dar por encerrado o século XX, historicamente, com a queda do Muro de Berlim. Tendo isso em mente, podemos ousar e considerar o período entre 1989 e 2001 como sendo o pós-guerra fria imediato.O atentado às Torres Gêmeas marcou o início de uma transição que não sabemos quando irá terminar, mas que certamente o fará. Qual será o próximo "futuro estável"? Por mais que isso gere ansiedade, devemos reconhecer que é impossível determiná-lo agora.O administrador deve se esforçar para guardar distância das euforias e desesperos coletivos. Por outro lado, períodos de transição são ricos em oportunidades, cujo aproveitamento pressupõe uma definição clara de objetivos, defi nidos sem infl uência de modismos ou pânicos. A hora é de paciência, mas também de pontaria.