2022
DOI: 10.12957/epp.2022.71758
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Adjetivar a Psicologia?

Abstract: Este artigo analisa recentes iniciativas que têm interpelado o campo da psicologia clínica desde a perspectiva dos marcadores sociais da diferença, especialmente aquelas que se "adjetivaram" para fazer frente à suposta neutralidade da psicologia tradicional (psicologia feminista, psicologia preta, psicoterapias afirmativas etc.). Inicialmente, mapeia algumas dessas iniciativas, identifica seus objetivos e aponta suas estratégias de oposicionalidade. A seguir, a partir de um compilado de críticas lançadas a pol… Show more

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“…31 Nessa perspectiva, toda ciência é um sistema de apropriação de uma verdade, moldando os modos de como os sujeitos devem ser no mundo, para que sejam legitimados diante uma verdade previamente estabelecida: "Assim, o racionalismo europeu vai produzindo peças e argumentações diversas, desde que justifiquem sua jornada pela dominação e exploração". 32 A ciência convencional de caráter positivista, portanto, corresponde à uma construção atrelada ao modelo cis-heteronormativo, e que carrega resíduos intelectuais burgueses e eurocentrados, se expressando nos paradigmas biomédicos, por exemplo, em que se materializa na patologização da experiência humana em termos da dicotomia normal e patológico. 33 É possível constatar a presença da crítica ao positivismo lógico, além de Feyerabend, nos pensadores críticos da escola de Frankfurt, inaugurada na Alemanha no início do século XX, com o objetivo de compreender e criticar a sociedade moderna, investigando a articulação entre a filosofia, a sociologia e a cultura, com ênfase na análise das forças que perpetuam a opressão e a alienação social a partir dos discursos e do sistema de linguagem.…”
Section: [Judith Butler]unclassified
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“…31 Nessa perspectiva, toda ciência é um sistema de apropriação de uma verdade, moldando os modos de como os sujeitos devem ser no mundo, para que sejam legitimados diante uma verdade previamente estabelecida: "Assim, o racionalismo europeu vai produzindo peças e argumentações diversas, desde que justifiquem sua jornada pela dominação e exploração". 32 A ciência convencional de caráter positivista, portanto, corresponde à uma construção atrelada ao modelo cis-heteronormativo, e que carrega resíduos intelectuais burgueses e eurocentrados, se expressando nos paradigmas biomédicos, por exemplo, em que se materializa na patologização da experiência humana em termos da dicotomia normal e patológico. 33 É possível constatar a presença da crítica ao positivismo lógico, além de Feyerabend, nos pensadores críticos da escola de Frankfurt, inaugurada na Alemanha no início do século XX, com o objetivo de compreender e criticar a sociedade moderna, investigando a articulação entre a filosofia, a sociologia e a cultura, com ênfase na análise das forças que perpetuam a opressão e a alienação social a partir dos discursos e do sistema de linguagem.…”
Section: [Judith Butler]unclassified
“…Mais uma vez vemos o imaginário cristão sendo atualizado: se num primeiro momento a igreja católica decidia quem tinha alma ou não, quem poderia ser escravizade ou não, esse exato lugar passa por herança para as ciências positivistas, quando estas tomam para si o lugar de dizer sobre as pessoas quem é mais evoluído, régua exemplar do mundo. Estes [corpos], que são vasculhados, catalogados, medidos, analisados, num ímpeto de produzir nomes que pacifiquem novamente o mundo daqueles não nomeados, avesso a contradições 34. 28 BARRA, Teoria crítica e a crítica ao positivismo, p. 454.…”
unclassified
“…No que diz respeito às contribuições da Psicologia Islâmica para essa tese, compreendo que ela nos remete às epistemologias e ontologias islâmicas, que nos são fundamentais se queremos melhor compreender as concepções sobre ser humano, saúde, doença, cura, sofrimento e psique que emergem do próprio Islã (Paiva, 2022). Vê-se que essas "psicologias adjetivadas" trazem desafios, incômodos e questionamentos -afinal, parece haver uma "promessa terapêutica" sendo veiculada por elas (Favero & Kveller, 2022, p. 1499) -, mas é preciso reconhecer que elas despontam como contraponto "à suposta neutralidade da psicologia tradicional" (Favero & Kveller, 2022, p. 1499, na tentativa de abarcar coletividades não contempladas pelas abordagens psicológicas convencionais. Em momento oportuno, a retomada da aproximação com as ideias aqui apresentadas será de grande ajuda para entendermos os discursos que circulam sobre saúde mental nas comunidades brasileiras, bem como as explicações às quais as mulheres muçulmanas lançarão mão para descrever suas experiências com o tema.…”
unclassified