Enquanto alguns poderosos agentes do mercado consideram que os alimentos transgênicos são seguros e necessários, existem organizações sociais de resistência por verem riscos à saúde humana e ao meio ambiente. A resistência pode ser entendida como a maneira que indivíduos e grupos praticam uma estratégia de apropriação em resposta às estruturas de dominação. Assim, o objetivo deste manuscrito é identificar e discutir as ações de resistência ao mercado de alimentos transgênicos efetuadas pelo Greenpeace e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa e o corpus foi composto pelas matérias da Folha de S. Paulo, do O Estado de S. Paulo e dos sites das duas organizações, no período de 1998 a 2020. Os dados foram analisados pela técnica da análise temática. Os resultados mostraram muitas ações ao longo dos anos e que elas foram dirigidas ao governo e agentes políticos, às empresas, ao judiciário e aos consumidores individuais. Podemos dizer que as intenções das ações eram impedir que o mercado existisse. Contudo, foi a articulação das organizações com atores distintos que possibilitou que muitas das ações fossem bem-sucedidas. Esta pesquisa contribui para novos estudos de resistência que levem em consideração que o mercado é uma arena com vários agentes, e que, neste contexto, a potencialidade dos movimentos sociais deve ser observada.