Acúmulo, deposição e decomposição de serrapilheira sob a dinâmica vegetacional da Caatinga em Unidade de Conservação

Abstract

<p>A ciclagem de nutrientes é essencial para a manutenção da produtividade dos ecossistemas florestais, principalmente sobre solos de baixa fertilidade e fortemente intemperizados. Apesar da existência de trabalhos de acúmulo e deposição de serrapilheira da vegetação da Caatinga, ainda falta muito para o conhecimento da dinâmica desse bioma. O presente trabalho teve por objetivo, avaliar o acúmulo, deposição e decomposição de serrapilheira, a fim de obter informações sobre a dinâmica das espécies vegetais de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural no bioma Caatinga, no Estado da Paraíba, para propiciar futuros estudos no tocante a ciclagem de nutrientes e, avaliar a interferência da precipitação pluviométrica na sazonalidade destes eventos. Para se obter a produção de serrapilheira 20 coletores de 1,0 m x 1,0 m, com fundo da tela de náilon. Coletada mensalmente, a serrapilheira foi separada nas frações folhas, galhos, material reprodutivo e miscelânea, sendo as frações secas em estufa e posteriormente pesada. Para avaliar a quantificação do estoque de serrapilheira acumulada foi utilizada moldura metálica com dimensões de 0,5 m x 0,5 m, lançada aleatoriamente, sendo coletada mensalmente, levada ao laboratório para secagem em estufa e pesado. A deposição de serrapilheira na fração folha no ano de 2011 estimou-se em 2.079,61 kg ha<sup>-1</sup>, representando 77,23% do total estimado para o período experimental. Conclui-se que, a produção de serrapilheira obedeceu a seguinte ordem: folhas > galhos + cascas > material reprodutivo > miscelânea. A serrapilheira acumulada no piso florestal na área de estudo pode ser decomposta em quase sua totalidade em aproximadamente dois anos.</p><p><strong><em>Accumulation, deposition and decomposition of litter in a dynamic Caatinga vegetation in a Conservation Unit</em></strong></p><p><strong>Abstract</strong><strong>: </strong>Nutrient cycling is essential for maintaining the productivity of forest ecosystems, especially on soils of low fertility and strongly weathered. Despite the studies of accumulation and deposition of litter in the Caatinga vegetation, there is still much to our understanding of the dynamics of this biome. This study aimed to evaluate the accumulation, deposition and decomposition of litter in order to obtain information about the dynamics of plant species in a Private Reserve of Natural Heritage in Caatinga biome in the state of Paraíba, to provide future studies regarding nutrient cycling, to facilitate future studies regarding nutrient cycling, and evaluate the role of rainfall seasonality in these events. To obtain the litterfall production, we used 20 collectors of 1.0m x 1.0 m, with nylon fabric background. The collection was done monthly, the litter was separated into leaves, twigs, reproductive material and miscellaneous and were dried in an oven and then weighed. To evaluate the quantification of the stock of accumulated litter, we used a metal frame with dimensions of 0.5m x 0.5m, thrown randomly being and being collected monthly, then taken to the laboratory oven to dry and to be weighed. The deposition fraction of leaf litter in the year 2011 was estimated at 2079.61 kg ha<sup>-1</sup>, representing 77.23% of the total estimate for the experimental period. We conclude that the litterfall followed the order: leaves > bark + branches > reproductive material > miscellany. The litter accumulated on the forest floor in the study area can be decomposed almost completely in about two years.</p>

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“…Segundo Nascimento et al (2013), a produção de serapilheira, principalmente da fração folhas, está associada a redução da precipitação ao longo do ano; o que terminou colaborando para favorecer o estresse hídrico na presente área de estudo e a maior deposição da fração folhas das espécies; mecanismo esse que está relacionado à fisiologia das plantas da caatinga denominado de caducifólia que evita a perda de água por transpiração (Henriques et. al., 2016).…”

“…As chuvas são escassas e mal distribuídas durante o ano, sendo influenciadas, principalmente pela Zona de Convergência Intertropical (GOMES; MARTIN;AMORIM, 2016). A vegetação predominante do município é formada por Caatinga Arbustiva Arbórea Aberta antropizada, geralmente encontrada em nas áreas de difícil acesso e Caatinga Arbustiva Arbórea Fechada (SANTOS et al, 2016).…”

Deposição, acúmulo e decomposição de serapilheira em área preservada de caatinga

“…A estimativa do coeficiente de decomposição (k) calculada foi 0,58, a partir do qual foram estimados o tempo médio de renovação acumulada (1/k) e tempos necessários para a decomposição de 50% e 95% da serapilheira amostrada durante os 15 meses de pesquisa, os quais foram 1,72, 1,19 e 5,17 anos, respectivamente. Este tempo foi superior ao estimado por Henriques et al (2016), que foi de 0,94 e 2,20 anos para a decomposição de 50% e 95% da serapilheira.…”

“…O coeficiente de decomposição obtida (0,58) foi superior ao relatado por Santana (2005) na ESEC-Seridó, que registrou o valor de K = 0,33, porém, inferior ao estimado por Henriques et al (2016), na RPPN da Fazenda Tamanduá com K = 1,36. Santana (2005) relata que o acúmulo de serapilheira pode expressar a capacidade que o ambiente tem em decompor o material depositado sob o solo, podendo-se fazer deduções, mesmo que genéricas, sobre a qualidade e quantidade da população microbiana do solo, sua ação na decomposição e as condições climáticas do ambiente ocorrentes.…”

“…Em qualquer ecossistema florestal existe uma forte interação entre a vegetação e o solo, que se expressa no processo cíclico de entrada e saída de matéria orgânica e nutrientes do solo (Santana et al, 2009). Este ciclo é característica marcante na Caatinga, uma vez que espécies são caducifólias com perda natural das folhas para evitar as elevadas taxas de transpiração (Henriques et al, 2016). Tal 10.30612/agrarian.v12i44.8212 Ferreira et al, v.12, n.44, p. 174-181, Dourados, 2019 caducidade promove o acúmulo de folhas, galhos, cascas, flores e outras partes constituintes das plantas que caem sobre a superfície do solo, designada serapilheira, responsáveis pela formação de um horizonte superficial com teores mais elevados de matéria orgânica.…”