Acumulação sistêmica, poupança externa e rentismo: observações sobre o caso brasileiro

Abstract

Ao longo de seus cinco séculos de história, o capitalismo passou por diferentes fases, reservando, em cada uma delas, distintos papéis à periferia do sistema. De sua função inicial como território de espoliação no contexto da fase de acumulação primitiva, o Brasil alcança o começo do século XXI como uma emergente plataforma internacional de valorização financeira, no contexto do capitalismo financeirizado hoje vigente. O discurso neoliberal, que sustenta ideologicamente a financeirização, argumenta que o país não está sob risco ao basear o funcionamento de sua economia na utilização de poupança externa. O artigo tenta demonstrar que o modelo macroeconômico assim estruturado afigura-se como mais um capítulo na longa história de heteronomia e dependência da economia brasileira, resultando em regressão em nosso papel na divisão internacional do trabalho, além do fomento ao rentismo internacional. O artigo procura também mostrar quão relevantes são, em tais circunstâncias, os approaches que mostram, por exemplo, a tendência cíclica de sobrevalorização da taxa de câmbio (Bresser-Pereira, 2008 e 2009), apontando a falácia do discurso rentista, bem como a manutenção da posição secularmente subordinada do país, se esse modelo for mantido.

Financialization of Housing in Brazil: New Frontiers

“…However, the assets constituting this sphere are qualitatively different from ‘conventional’ commodities, and the impact of the expansion of a fictitious economic circuit upon the temporality and rationale of capital accumulation leads to significant changes, making financialization a useful category to help grasp the specific dynamics of contemporary capitalism. Financialization unfolds within the context of an increasing reliance of capitalist agents on rentier sources of revenue, based on property rights speculation and short‐term strategies of capital valor‐ization at the expense of productive and long‐term economic activities (Chesnais, ; Lapavitsas, ; Paulani, ). This is not to say that actual production of value does not play a determinant role as an underlying condition for capital reproduction in the wake of financialization, rather that the former gets engulfed by a logic of accumulation underpinned by increasingly abstract and speculative practices.…”

“…Second, the growing global pool of liquidity––commonly presented as an underlying condition and primary driver of the financialization of housing (Fernandez and Aalbers, )––plays very different roles in central and peripheral economies. In a context like that of Brazil, the availability of credit is relatively limited, interest rates have been among the highest in the world for decades and there is a structural reliance on volatile external investment as a source of funding (Paulani, ). Moreover, if housing is commonly regarded as ‘high‐quality collateral’ or a ‘safe haven’ for capital investment in the context of advanced economies (see Aalbers, this issue), it does not have the same status in countries like Brazil.…”

O estatuto do consumo na compreensão da lógica e das mutações do capitalismo

“…Resta entender o que isso significa, de fato, e quais os impactos para a proposta deste artigo em defender uma análise do consumo como central para a compreensão do capitalismo atual. (Jameson, 1993;1991) 5 ; do signo (Baudrillard, 1995); financeiro ou "portador de juros" (Chesnais, 1998(Chesnais, , 2005Paulani, 2013); imaterial, do conhecimento ou cognitivo (Gorz, 2005;Virno, 2004;Thrift, 2005;Lazzarato e Negri, 2001;Hardt e Negri, 2002). Essas diferentes denominações abarcam, muitas vezes, características em comum.…”

“…Segundo Paulani (2013), apoiada em Chesnais (1998), "essa forma de inserção é característica da etapa madura da financeirização, onde a intermediação bancária perde força, sendo substituída pelas chamadas 'finanças diretas', que têm como principais personagens os fundos de investimento e os fundos de pensão, as bolsas e os mercados secundários de títulos, os processos de securitização e os derivativos". Esse modelo, conforme ainda analisa Paulani, assim como Bresser-Pereira e Gala (2007), leva ao aumento no consumo e endividamento dos consumidores.…”

As nominalizações como recursos complexos de organização tópica

“…Os artigos deveriam 1) pertencer à mesma área dos conhecimentos, 2) ter sido publicados no mesmo ano e 3) pertencer a periódicos considerados pela comunidade acadêmica como veículos importantes de divulgação de pesquisas científicas. Assim, os cinco artigos cujas Introduções compõem o corpus (MÉXAS; COSTA; QUELHAS, 2013;LIMA;ORTELLADO, 2013;CALEMAN;ZYLBERSZTAJN, 2013;FERNANDES;WILSON, 2013;PAULANI, 2013)…”