Acidentes de trabalho no meio rural: perfil do trabalhador acidentado em Santa Catarina

Abstract

As informações referentes a ocorrência de acidentes de trabalho no Brasil, são poucas e fragmentadas. Por diversos motivos, essa realidade é ainda mais preocupante nas áreas rurais. Este estudo tem como objetivo principal caracterizar o perfil do trabalhador rural que sofreu acidentes de trabalho no período de 2008 a 2013, na região formada pelas microrregiões de Chapecó, Concórdia e Xanxerê, no Oeste do estado de Santa Catarina. A pesquisa caracteriza-se como descritiva e de natureza aplicada, partindo da realidade macrossocial para a macrossocial. Os resultados indicam que foram registrados 267 acidentes no período do estudo, sendo que as faixas etárias de 31 a 40 e 41 a 50 anos apresentaram o maior número se registros. Do total de registros 80,3% aconteceram com homens e 19,7% com mulheres. Os traumatismos em punho e mão apresentaram a maior frequência, seguido pelos ocorridos em joelho e perna e posteriormente tornozelo e pé. Conclui-se que a subnotificação de acidentes ainda está bastante presente nas áreas rurais e que a falta de informações dificulta a visualização dos reais problemas. Ainda destaca-se que é importante aprofundar a questão dos acidentes de trabalho rural, principalmente no que tange os fatores de riscos determinantes dos acidentes.

Acidentes de trabalho em segmentos do agronegócio paranaense

“…Já a taxa de incidência de acidentes de trabalho no agronegócio paranaense, foi de 72,73 acidentes para cada 1000 trabalhadores, entre 2012 e 2018, maior que a taxa identificada em Ontário no Canadá, que registrou 58 acidentes para cada 1000 trabalhadores (Pickett et al, 1995), e a da Finlândia 62/1000 (Karttunen & Rautiainen, 2013 Quanto ao perfil dos acidentes, a evidência de maior proporção destes agravos envolvendo homens jovens corrobora com outros achados de estudos nacionais (Begnini & Almeida, 2015;Mascarenhas et al, 2015;Moreira et al, 2015;Scussiato et al, 2013). Isso pode estar relacionado com o fato de que a população masculina, jovem e em idade produtiva, geralmente desempenha serviços mais perigosos e que demandam maior força física, o que demonstra a exigência de se promover ações de prevenção de acidentes com esta população (Mascarenhas et al, 2015;Scussiato et al, 2013).…”

“…Segundo Rumin e Schmidt ( 2008), as condições de trabalho na cultura e na indústria da cana-de-açúcar expõem os trabalhadores a exigências posturais, dispêndio de força muscular excessiva e riscos de acidentes relacionados a ferramentas do trabalho, como facões e equipamentos industriais. (Begnini & Almeida, 2015). Assim, ressalta-se a necessidade de ações de segurança do trabalhado, com ênfase no uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), pensadas na proteção destas partes do corpo contra as principais lesões ocorridas.…”

Work Accidents in the Brazilian Forest Sector

“…Although statistics on work accidents in the Brazilian forestry sector show a decline in the last years (2010 to 2014), the situation is worrisome if we consider that these data do not reliably portray the reality, due to factors such as the underreporting of the misfortunes that occur in the field and the increase of informal work and outsourcing. Begnini and Almeida (2015) report that, in Brazil, there is a lack of accurate information regarding the number of accidents that occur in the rural work, in addition to the fact that underreporting of accidents, especially in rural areas, is still common even though the CAT is a legal requirement.…”

Relação entre a ocorrência de acidentes de trabalho e a baixa escolaridade dos trabalhadores no setor florestal

“…Neste sentido, cada atividade desenvolvida nas áreas rurais, possui potencial de riscos de acidentes. Frente a isso, seria ideal que, periodicamente, tais atividades fossem observadas, sob os aspectos da segurança e saúde do trabalhador rural e conhecidas as estatísticas para direcionar correção, conscientização, treinamento e procedimentos na execução das tarefas (Begnini;Almeida, 2015 A instrução normativa do INSS usa a expressão LER/DORT para estabelecer o conceito da síndrome e declara que elas não são fruto exclusivo de movimentos repetitivos, mas podem ocorrer pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições, por tempo prolongado. A necessidade de concentração e atenção do trabalhador para realizar suas atividades e a pressão imposta pela organização do trabalho são fatores que interferem significativamente para a ocorrência da síndrome (MPS, 2003).…”