Abordagem do tema "Violência contra a Criança" no curso de medicina da Universidade Federal Fluminense

Abstract

Durante a formação em Medicina, os alunos se deparam com casos de violência contra crianças, porém, quando não recebem orientação adequada, pode haver graves consequências. O objetivo deste trabalho foi fazer um levantamento sobre a abordagem do tema Violência contra Crianças na graduação em Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) e análise da percepção dos alunos, médicos e professores quanto a sua capacidade de lidar com o tema. Relatamos ainda a produção de recursos pedagógicos para disciplinas do curso a fim de contribuir para aperfeiçoar a formação médica. Foram aplicados questionários autoavaliativos a 120 estudantes, 10 residentes e 10 docentes. A análise mostrou que os alunos declaram a abordagem do tema durante a formação, mas permanecem inseguros. Verificou-se também que alunos dos primeiros anos acreditam que até o final do curso estarão preparados para lidar com o tema, o que parece não ocorrer. Docentes de Pediatria relataram abordar o tema em aula, e somente residentes desta área tiveram contato com casos e se consideraram seguros para agir. Os resultados indicam a necessidade de novas estratégias pedagógicas para formar médicos capacitados para lidar com violência contra crianças.

Violence against children in Latin America and Caribbean countries: a comprehensive review of national health sector efforts in prevention and response

“…Nineteen publications discussed either training ( n  = 16; 16.5 %) or development and testing ( n  = 3; 3.1 %) of new health provider training curriculum on topics relevant to VAC [52, 81–98]. Additional file 1: Table S3 provides the list and summaries of articles.…”

Maus-Tratos Infantis: Nível De Conhecimento Dos Estudantes De Um Curso De Medicina

“…Apesar de limitada em sua abrangência, decorrente do pequeno número de questões, os resultados desta pesquisa mostraram que o currículo do curso não abrange todas as informações que os alunos devem portar para se tornarem médicos capacitados a lidar com casos de maus-tratos infantis. Dessa forma, e considerando que as práticas inadequadas de identificação e notificação de maus-tratos à criança e adolescentes, observadas em serviços de saúde estão algumas vezes relacionadas com o despreparo do profissional nele atuante (5,10) , é importante que as instituições de ensino e os serviços do SUS adotem medidas a fim de capacitar esses profissionais, tornando--os mais eficazes na lida com o tema e, consequentemente, mais produtivos na orientação dos alunos.…”

“…A violência em geral, e mais especificamente, a violência infantil é um problema de saúde pública (3) , de acordo com Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da International Society for Prevention of Child Abuse and Neglect (ISPCAN -Sociedade Internacional para a Prevenção do Abuso e Negligência de Crianças), mais de 53.000 crianças abaixo de 15 anos de idade morreram no mundo, em virtude de situações de violência infantil (4) . No Brasil, a violência física é apontada como a principal causa de morbi-mortalidade na faixa etária de 5 a 19 anos (5)(6) , e, segundo relatório divulgado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal, 153.510 denúncias foram feitas em 2015, englobando todas as formas de violência contra crianças e adolescentes (7) . De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente -ECA, a notificação de maus-tratos passa a ser obrigatória pelos profissionais e responsáveis das áreas da saúde e da educação (Art.…”

“…Além disso, essa ação ainda contribui na geração de dados fidedignos dos casos de violência infantil, possibilitando visualizar o problema do ponto de vista epidemiológico e elaborar políticas públicas voltadas ao enfrentamento e à prevenção dessa situação, importantes na atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) (8)(9) . A violência infantil é um fenômeno multicausal, que não só leva a consequências graves no desenvolvimento e integração social, como também gera sequelas para o resto da vida -principalmente nos âmbitos moral, emocional e relacional -podendo levar a comportamentos prejudiciais à saúde (5) . Esse tipo de transgressão é frequentemente justificado pelos agressores como formas de educar e corrigir comportamentos indesejáveis (3) .…”

“…Esse tipo de transgressão é frequentemente justificado pelos agressores como formas de educar e corrigir comportamentos indesejáveis (3) . Diante desse grave problema de saúde pública, a atuação do profissional de saúde é fundamental para identificar os casos de maus-tratos a crianças e adolescentes e saber como proceder nessas situações, sendo esse assunto de suma importância durante e após a graduação (5) . Seja por falta de conhecimentos, ou por temor a implicações legais e constrangimentos em seus territórios de trabalho, muitos profissionais não estão aptos a identificar esses casos, responsabilizando-se apenas pelos cuidados pós-agressão.…”