Abordagem da classificação de risco familiar com agentes comunitários de saúde

Abstract

O objetivo deste estudo é descrever a experiência numa capacitação para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) sobre a Classificação do Risco Familiar. Trata-se de um relato de experiência de acadêmicas do curso de Graduação em Enfermagem ao implementar um projeto de intervenção durante o estágio supervisionado em Saúde Coletiva junto a uma equipe de Saúde da Família do município de Uberaba-MG. A intervenção foi realizada no mês de maio de 2016, por meio de três encontros. A capacitação pautou-se na metodologia participativa dialógica, em que foram utilizadas exposições dialogadas, discussões, problematizações e vivências, baseadas nos conhecimentos prévios e na prática profissional vivenciados pelos ACS durante a realização das visitas domiciliares. A classificação de risco familiar amplia a visão dos profissionais de saúde e auxilia na resolução dos problemas relacionados à assistência ao usuário. Com isso, colabora para os achados de vulnerabilidades, permitindo que o profissional de saúde acompanhe com frequência os casos de maior necessidade.

A utilização da classificação de risco familiar para a organização do processo de trabalho no âmbito da Estratégia Saúde da Família

“…A compreensão da doença centrada somente no âmbito biológico é arcaica, e a saúde pública, por intermédio de competências comunitárias, é essencial para a organização de saneamento, educação populacional com foco na higiene pessoal e organização dos serviços de saúde, focando na manutenção de atividades promotoras de saúde. Desse modo, é compreensível que a vulnerabilidade em saúde parte também da carência econômica, política, educacional e cultural [13][14]3 .…”

“…Seguindo o que é preconizado em relação à importância de constantemente atualizar a estratificação familiar, exemplo notado na UBS em questão, é fundamental que a ESF conheça quais são os fatores de risco predominantemente existentes em sua população com base no cadastro familiar e no diagnóstico de cada indivíduo, classificando todas as famílias adscritas em: sem riscos, baixos riscos, médios riscos e altos riscos, em um dado momento 3,[9][10] Através dos relatos da coordenação da UBS descrita nesse trabalho, ficou explícito que o processo de territorialização, do cadastro e da visitas domiciliares para acompanhamento dessas famílias e microáreas constitui-se em práticas imprescindíveis para o funcionamento e sistematização de toda a programação da ESF, devido à necessidade de o cuidado ser centrado no âmbito familiar, sendo que a criação de fortes vínculos entre família e EqSF traz consigo diversos benefícios para atender o indivíduo de forma singular. A identificação das famílias, o cadastramento de todos os seus membros, os dados referentes às condições de moradia e saneamento, dentre outras informações,…”

“…Tal diagnóstico pode ser considerado um processo dinâmico, visto que em uma mesma região conseguem-se visualizar diferentes perfis epidemiológicos da população, que podem influenciar de forma divergente na qualidade da saúde familiar e dos indivíduos. Deve-se, portanto, sempre planejar de forma organizada e adequada o acompanhamento dos indivíduos inseridos em seus ambientes familiares [2][3][4] .…”

“…Cada área delimitada tem uma dinâmica de processo de trabalho e são consideradas individualidades epidemiológicas e sociais, para o planejamento das ações a serem desenvolvidas para cada comunidade 8,3,4 .…”

“…Assim, observa-se a necessidade da criação de prioridades em relação à assistência para cada indivíduo inserido em seu contexto familiar na área territorializada, seguindo o preceito da equidade, uma vez que cada família em cada domicílio carrega consigo suas diferenças em âmbito geográfico, social e individual. Nesse sentido, a avaliação de risco familiar surge como uma proposta para diferenciar as famílias em que os fatores de risco são mais significativos que os fatores protetores, a fim de identificar situações que justifiquem a priorização da atenção das famílias que estão cadastradas em um dado território 5,3 . Com esse trabalho, pretende-se descrever a experiência de uma EqSF, no município de Montes Claros, MG, Brasil, no processo de estratificação de risco familiar e a relevância dessa ferramenta para a organização de um processo de trabalho efetivo e que valorize a equidade, ou seja, que priorize uma atenção às famílias de maior vulnerabilidade biológica e social.…”