Este artigo aplica uma perspectiva de ecologia-mundo” (MOORE 2015) na dialética entre expansão capitalista e reprodução comunitária nos Andes. A sobrevivência das comunidades campesinas indígenas e seus sistemas de terras comunais no século XXI se revela como produto da mudança social. Através de ciclos históricos e globalizantes de extração de recursos e lutas indígenas pela terra, os territórios comunais estão sendo despojados, imaginados e (re)construídos como reservas “baratas” para a acumulação. Com base em investigações de arquivo e trabalho de campo na Bolívia e Peru, elabora um estudo de caso de comunidades aymaras presas ao avanço das fronteiras extrativas no fim do século XIX e princípios do século XX, relacionando as estratégias de resistência comunal e as reconfigurações sociais com as mudanças de longo prazo na expansão do Estado e do mercado. O artigo argumenta que é no contexto de tais conflitos socioambientais o que podemos identificar como “comunidade” se erode, forma, transforma e, com frequencia, se reinventa como um contra-espaço a partir de uma análise de Lefebvre.