A SOCIEDADE ENQUANTO DUELO DE IMITAÇÕES. Uma releitura de Tarde, G. (1978 [1890]). As leis da imitação [resenha]. Porto: Rés Editora

Abstract

Revisitar o livro As Leis da Imitação, um original de Gabriel Tarde de 1890, pode parecer tardio e fora de tempo se concluirmos que já conta com 131 anos de existência. Porém, numa contingência fortemente marcada por relações, conversações e interações mediadas por computadores e conectadas por internet, em plataformas digitais habitualmente animadas por possibilidades de partilha, comentário e cópia de conteúdo, acreditamos que revisitar este clássico, que se debruça precisamente sobre semelhanças e cópias, permitirá algumas (in)flexões à teoria social, renovando-a. Além disso, acresce a esta revisitação uma outra contingência: a pandemia de Covid-19. O atual momento histórico recorda-nos, precisamente, uma ideia latente e invariavelmente esquecida ao longo do tempo, todavia plasmada em várias obras deste sociólogo francês, que aqui, em particular, alcança maior amplitude: tal como os vírus vivem nos hospedeiros, também as semelhanças habitam em quem imita socialmente. Estas duas razões bastam-nos para demonstrar o conjunto de potencialidades teóricas inscritas na revisitação deste clássico.

A captura da atenção. De periferia temática à urgência na investigação, no ensino e na legislação

“…A fundamentação teórica é, toda ela, uma convergência epistémica e metodológica entre a Teoria dos Fundamentos Morais (MFT) (Graham et al, 2013), o Moral Foundations Questionnaire -MFQ (Graham et al, 2011), o Modelo de Moralidade e Exemplos Intuitivos -MIME (Tamborini e Weber. 2020) e as teorias da imitação (Tarde, 1978;Costa, 2021a) e do ator-rede (Callon, 1986;Law, 1999;Latour, 2012). Todos estes conhecimentos e experiências em convergência podem assim ser transmitidas aos alunos das várias disciplinas e assim instigar o estudo dos impactos da captura da atenção nos diversos fenómenos sociais.…”

O ativismo estético nas redes: ferramentas teóricas e metodológicas

“…Também discorda de um dos fundadores da Sociologia que se opôs a Gabriel tarde, Émile Durkheim (Costa, 2021). A integração não tem de partir do institucional para o individual.…”

Organizações e movimentos periféricos nas redes digitais ibero-americanas

“…Os nossos percursos empíricos têm feito uma incessante busca por modelos sociológicos de conceção epistémica e metodológica capazes de fazer convergir métodos e técnicas de investigação social variados em temas controversos no seio das diferentes plataformas digitais: as perceções ciborgues no Hi5 (Costa, 2009); a proposta de uma eco(socio) logia da individuação (Neves e Costa, 2010); os estudos dos ecrãs enquanto promotores de dinâmicas autocentradas, egocêntricas e subjetivistas (Costa, 2012;; os gatilhos do ódio no Facebook ; o consumo no YouTube e os seus efeitos (Costa e Capoano, 2021;Costa, 2020a-b-c;2021b-c), o suicídio e a comunicação no Instagram (Costa e Araújo, 2022); as questões de género na edição e o ethos da Wikipédia, que imprimem diferenças relativamente a plataformas como o Facebook, YouTube ou Google Costa, Barros e Cerqueira, 2022); as controvérsias enquanto gatilhos da desinformação (Costa, Noversa e Balbé, 2022); e os fundamentos morais na geração de engajamento no consumo de informação e desinformação no caso das alterações climáticas (Capoano e Costa, 2021). Neste projeto em concreto, intitulado Youth engagement with Sustainable Development Goals: the choice of moral arguments in the news for use in debate (EXPL/COM-JOR/1534/2021) -propomos mesmo um estudo sobre jovens adultos e alterações climáticas, bem como a identidade e a moral como fatores de interferência no consumo e na geração de informação, comunicação e crenças.…”