O presente trabalho tem como objetivo levantar reflexões acerca do trabalho docente de uma professora não indígena (juruá) em uma escola mbyá guarani. Os dados apresentados foram gerados através de uma pesquisa de campo com abordagem etnográfica no contexto de uma escola indígena pertencente a uma comunidade mbyá guarani, no sul do estado de Santa Catarina. Para as discussões desenvolvidas tomou-se como exemplo a sala de aula de uma professora de 3º ano da referida escola. Os dados analisados demonstraram que, por meio de suas práticas pedagógicas, a professora deixa transparecer suas escolhas políticas alinhadas à autonomia e à liberdade democrática e em favor das manifestações pluri e multiculturais de seus alunos e alunas. Como referencial teórico para as discussões suscitadas nas análises, utiliza-se como base algumas das obras de Paulo Freire (1989, 1997, 2005, 2015), que abordam o fazer docente. Também interessa para as discussões apresentadas o conceito de translinguagem (GARCIA; WEI, 2014), compreendido como um aliado à construção de identidades múltiplas. Busca-se com essas discussões contribuir para reflexões acerca das identidades, pluralidades e multiculturalidades presentes nas escolas indígenas do país e dar visibilidade a práticas pedagógicas que contribuem para o fortalecimento dos conhecimentos indígenas.