Resumo
Este trabalho teve como objetivo desenvolver e validar modelo de gestão de empresas que atuam em cadeias produtivas caracterizadas pela turbulência e pela pouca disponibilidade de indicadores, adaptando conceitos da Teoria das Restrições (TTOC). O modelo, denominado Competitividade Sistêmica, que permite coletar e interpretar dados, desenhar cenários, alicerçar decisões e buscar a vantagem competitiva, foi desenvolvido com base no pensamento sistêmico, nas estratégias de diferenciação e nas de negociação. Os resultados obtidos em 70 entrevistas na Cadeia Produtiva de Alimentos validaram a sua aplicabilidade e permitiram identificar três pontos críticos a considerar na elaboração das estratégias: ênfase excessiva em custos; falta de visão sistêmica; e conhecimento e competências não desenvolvidos de forma adequada. Ele pode ser também usado em cadeias estáveis, como leitura adicional, para complementar o cenário no qual atuam.Palavras-chave: cadeias produtivas, vantagem competitiva, competitividade sistêmica, teoria das restrições.
IntroduçãoEste trabalho teve como objetivo desenvolver e validar modelo de gestão de empresas que atuam em cadeias produtivas caracterizadas pela turbulência e pela pouca disponibilidade de indicadores adaptando conceitos da Teoria das Restrições (TOC).A TOC é uma metodologia de gerenciamento de sistemas produtivos que trabalham com um objetivo específico denominado meta. Esses sistemas são comparados a uma corrente na qual todos os seus departamentos ou agentes, os elos, trabalham juntos para dar lucro aos acionistas, o que, na analogia adotada, significa transmitir força. Tal qual correntes, o sistema tem um elo fraco, chamado de restrição, que limita a sua capacidade ou representa uma dificuldade para atingir o objetivo. Para identificar essas restrições e melhorar continuamente o desempenho organizacional, A TOC oferece um roteiro estruturado, simultaneamente lógico e criativo, objetivando desenhar cenários, formular estratégias e alicerçar soluções para os problemas gerenciais do cotidiano dos sistemas produtivos. Para tanto, baseia-se na definição clara do contorno o sistema e da sua meta, e em indicadores reconhecidos para aferir o desempenho.Quando o sistema é turbulento, em que a governança não é evidente ou está sendo transferida para outro agente, é essencial dispor de um roteiro para se "locomover" entre os agentes e garimpar dados e informações e compor a base que alicerce as decisões. Nessa cirscuntância, os indicadores habituais podem não ser suficientes porque retratam apenas parte da realidade, fato que reduz a confiabilidade. Esse roteiro para coletar e interpretar dados, desenhar cenários, alicerçar decisões e buscar a vantagem competitiva é o modelo de gestão proposto neste trabalho.A Cadeia Produtiva de Alimentos (CPA) pode ser considerada um sistema turbulento, visto que a governança, seguindo os conceitos de Gereffi, (1994), passa rapidamente de "producer driven" para "buyer driven". Por essas razões, foi escolhida como o objeto de estudo.
A construção do ...