A produção acadêmica sobre a questão da violência contra a mulher na emergência da pandemia da COVID-19 em decorrência do isolamento social

Abstract

RESUMO:A pandemia da COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), tem sido amplamente noticiada nas manchetes de jornais e nas redes sociais, por ceifar inúmeras vidas diariamente. Causadora de caos e colapso do sistema de saúde de muitos países, tem sido um dos principais desafios que já resultou em milhares de mortes em todo o mundo e enormes impactos na economia e na educação. O objetivo do presente estudo é realizar uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL), a partir de artigos e ensaios científicos sobre os impactos do isolamento social no aumento da violência doméstica contra a mulher, no contexto da pandemia da COVID-19, nesse primeiro semestre de 2020. A pesquisa resultou em 10 artigos e ensaios publicados desde o início do ano de 2020, colhidos na base do Google Acadêmico. Evidencia-se que a pandemia, por meio do isolamento social, apenas visibilizou questões preexistentes como: o aumento da violência contra a mulher, os efeitos da desigualdade social e de direitos entre os gêneros. As mulheres estão ainda mais sobrecarregadas, pois trabalham no cuidado doméstico, no cuidado dos filhos, maridos, companheiros, família e comunidade, sendo também maioria na linha de frente no sistema de saúde. As mais atingidas são mulheres pobres, negras, pardas e com deficiência. Além disso, as pesquisadoras são prejudicadas em relação a sua produção acadêmica. PALAVRAS-CHAVE:Pandemia. Revisão sistemática de literatura. Isolamento social. Violência doméstica. Violência contra a mulher. RESUMEN:La pandemia de COVID-19, una enfermedad causada por el nuevo coronavirus (SARS-CoV-2), ha sido ampliamente difundida en los titulares de los periódicos y en las redes

Violência contra mulher no período da COVID -19

“…Em contrapartida, para alguns pesquisadores, os dados ainda não refletem a realidade sobre o quantitativo real da violência contra a mulher devido às subnotificações, pois muitas vítimas têm receio de denunciar seu agressor [24][25][26] . Existem ainda outros fatores que corroboram para a diminuição das notificações, como morar em bairros mais distantes, dependência emocional e econômica dos agressores 27 , além do medo da contaminação pelo SARS COV 2 28,29 .…”

Violência Contra Mulher E Raça: Uma Análise Interseccional Da Pandemia De Covid-19

“…As medidas instituídas para fornecer apoio e proteção às vítimas de violência doméstica e familiar denotam que diversas entidades públicas e privadas estão preocupadas em conter os casos desse tipo de violência no FBSP, 2020). Contudo, os dados disponíveis ainda são incipientes para analisar a eficiência dessas ações, uma vez que graças às medidas de isolamento social necessárias para reduzir a transmissão do coronavírus, o risco de violência contra a mulher se multiplicou e as denúncias reduziram, resultando em subnotificação dos casos, como já apontado por diversos autores (MARTINS et al, 2020;MONTEIRO et al, 2020b;VELOSO;MAGALHÃES, 2020).…”

“…A violência contra a mulher tornou-se um tópico ainda mais relevante em tempos de pandemia, sobretudo, porque a atual situação socioeconômica tende a piorar essa problemática. Segundo Monteiro et al (2020b), a maioria das famílias economicamente vulneráveis são encabeçadas por mulheres e mais de 70% são negras. Deste modo é necessário refletir sobre a violência e suas nuances, em especial a violência contra a mulher e de como a questão racial vem sendo discutida em trabalhos produzidos sobre a temática nos últimos anos.…”

Dimensões dos Riscos nas Políticas de Combate à Violência Contra a Mulher Durante a Pandemia de COVID-19 em Aracaju (Sergipe) ## Risk Dimensions in Policies to Combat Violence Against Women During COVID-19 in Aracaju (Sergipe)

“…O estudo permitiu analisar as principais dimensões que devem ser consideradas na gestão do risco de VDFM. Como principal achado, pode-se dizer que a pandemia pela Covid-19 agravou problemas pré-existentes, como aumento no caso de violência contra a mulher, difi culdades de atendimento remoto e fragmentação no serviço público no atendimento, confi rmando a literatura utilizada (Monteiro, Yoshimoto, & Ribeiro, 2020). Certamente isso pode ser considerada uma "segunda pandemia", invisível aos olhos da sociedade, cujos efeitos reverberarão ao longo dos próximos anos.…”