Mitieli Seixas da Silva é professora adjunta do departamento de filosofia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Durante o período de sua formação, seu principal objeto de pesquisa foi o pensamento de Immanuel Kant. Assim, tanto em seus dois mestrados -um pela UFRGS e outro pela Universidade de Luxemburgo -, quanto em seu doutorado -também pela UFRGS com período sanduíche na Universidade de Berkeley -Mitieli trilhou o caminho da filosofia tradicional: uma formação em história da filosofia voltada para o estudo de um único filósofo.No entanto, tudo começou a mudar em 2016, quando teve início uma série de eventos que questionavam o lugar das mulheres na filosofia.No Rio Grande do Sul, especificamente na UFRGS, professoras como Gisele Secco e Ana Rieger Schmidt iniciaram um movimento de trazer à luz algumas figuras da filosofia relegadas à sombra dos "grandes nomes" da história canônica -e masculina -da filosofia ocidental. Na UFRGS, a professora Gisele Secco, junto às pesquisadoras Inara Zanuzzi, Ana Rieger Schmidt e Priscila Spinelli, idealizam o primeiro Vozes Femininas na Filosofia, cujo objetivo foi trazer à tona a pesquisa sobre mulheres filósofas. O evento ocorreu em 2017 e reuniu pesquisadoras do Brasil inteiro como Carolina Araújo (UFRJ) e Janyne Sattler (UFSC).No mesmo período, no Rio de Janeiro, a Profª Carolina Araújo (UFRJ) recolhia dados sobre a participação de mulheres na comunidade da pós--graduação de Filosofia no Brasil, levantando a pergunta: quantas pesquisadoras mulheres há na filosofia? 1 . Os resultados alarmantes dessa investigação, que mostravam que "uma mulher tem aproximadamente 2,5 vezes menos chance do que um homem de chegar ao topo da carreira profissional" (ARAUJO, 2016, p. 8), embora causem espanto, não são surpreendentes. Afinal, a predominância masculina se dá tanto nos obje-