como porta de entrada para o atendimento aos problemas/demandas de saúde. É nesse espaço, tradicionalmente conhecido como "recepção" e, mais recentemente como "acolhimento", que as demandas dos usuários devem ser apresentadas e confrontadas com as possibilidades do serviço em responder a elas. O estudo teve como objetivo geral, caracterizar a atividade de recepção dos usuários do setor Saúde da Criança de uma Unidade Básica de Saúde, e como específicos, identificar e analisar as demandas por assistência à saúde que emergem na atividade de recepção e caracterizar e analisar as respostas oferecidas pelo serviço. Trata-se de um estudo de caso, com abordagem qualitativa que integrou um projeto mais amplo aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, desenvolvido em um Centro de Saúde Escola. A observação livre foi utilizada para a coleta dos dados, realizada durante duas semanas "típicas" de agosto de 2007, por observadores treinados que conheciam o serviço. A amostra foi constituída por 42 observações, conduzidas na recepção do setor saúde da criança. Os sujeitos da pesquisa foram os trabalhadores de enfermagem que desempenhavam a atividade de recepção e os respectivos usuários que demandavam o atendimento. Para a análise, os dados registrados nas observações foram digitados e inseridos no software para pesquisa qualitativa "N-Vivo 8", que ajudou a sistematizar a análise. Os textos foram submetidos à análise de conteúdo que resultou nas seguintes categorias: cumprimentos, demandas apresentadas pelos usuários, investigação por parte do trabalhador, respostas oferecidas pelos trabalhadores, supervisão e queixa do serviço. Os resultados evidenciaram que os usuários demandavam o serviço com diferentes necessidades, porém destacaram-se as demandas de ordem biológica, seguida de acesso a cuidado programado, que em sua maioria relacionava-se à solicitação de consulta médica. A investigação do trabalhador de enfermagem limitou-se à própria queixa, restringindo-se ao âmbito biológico. Entretanto, houve investigações ampliadas para além do biológico. Em relação à resposta do trabalhador, as mais expressivas referiram-se a 23 encaminhamentos para "atendimento fora do dia" (atendimento médico equivalente ao pronto atendimento), nove agendamentos para consulta de enfermagem e quatro para consulta médica. Apenas um caso foi encaminhado para atendimento de enfermagem e um caso para grupo de aleitamento materno. A supervisão ocorreu somente em quatro casos. Constatou-se um esforço do trabalhador em oferecer a consulta de enfermagem como alternativa para a resolução da demanda apresentada, além da tentativa de garantir a entrada da criança ao serviço por meio da queixa clínica. Entretanto, várias queixas relacionadas à dificuldade de acesso foram evidenciadas. A investigação evidenciou que a equipe de enfermagem basicamente desenvolveu como atividade de recepção encaminhamentos que prioriza o atendimento individual. Permanece, portanto, como desafio, a reorganização do serviço, com vistas à real implantação do acolhimento como diretriz ...