DOI: 10.11606/t.8.2011.tde-04122012-092417
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A Paixão segundo Mário de Andrade

Abstract: 3 Em sua interpretação da "Louvação da tarde", Antonio Candido demonstra que o poema de Mário de Andrade entronca-se na tradição da "poesia itinerante", em que se relacionam o sentimento da natureza, a caminhada e a meditação. Com base nesse juízo, mas sem referir-se a misticismo, o crítico ressalta, na meditação realizada pelo eu-lírico, a combinação de reflexão, transcendência e plenitude. Como é sabido, essa combinação é própria da experiência mística.

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“…Mário enxergava uma relação especular entre mundo e artefato literário, isto é, ele acreditava na possibilidade de ligação direta entre escrita e exterioridade. O verso harmônico viria consolidar esse vínculo entre o real e o simbólico, ou o objetivo e o subjetivo (FRAGELLI, 2010). O poeta, então, deveria abusar das frases telegráficas, da sobreposição de imagens, dos cortes bruscos, das aliterações, assonâncias e paronomásias, entre outros, porque, somente assim, a poesia poderia absorver em seu interior as experiências turbulentas e simultâneas que acometiam o indivíduo na sociedade industrial (ANDRADE, 2013).…”
Section: Verso Harmônicounclassified
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“…Mário enxergava uma relação especular entre mundo e artefato literário, isto é, ele acreditava na possibilidade de ligação direta entre escrita e exterioridade. O verso harmônico viria consolidar esse vínculo entre o real e o simbólico, ou o objetivo e o subjetivo (FRAGELLI, 2010). O poeta, então, deveria abusar das frases telegráficas, da sobreposição de imagens, dos cortes bruscos, das aliterações, assonâncias e paronomásias, entre outros, porque, somente assim, a poesia poderia absorver em seu interior as experiências turbulentas e simultâneas que acometiam o indivíduo na sociedade industrial (ANDRADE, 2013).…”
Section: Verso Harmônicounclassified
“…Assim, temos um jogo de dualidades que não se resolve, senão que se mantém em perpétuo movimento: o indizível está no dito, da mesma maneira que o divino está no humano -ou o atemporal, no instante vivido. A lírica modernista, como queria Mário, surgiria de um transe mediúnico, alcançado pela experiência de dor ou de prazer (FRAGELLI, 2010). Esse transe corresponderia ao que o autor entendia por religiosidade.…”
Section: Viver Religiosamenteunclassified
“…Ainda que não se trate de desenvolver extensivamente a tópica do sacrifício em Mário de Andrade, que vem recebendo atualmente cada vez mais atenção, ademais como forma de autocompreensão da "missão" ou "papel social" de que, como os intelectuais de sua época, o líder modernista se sentia investido (Fragelli, 2012(Fragelli, , 2013Araújo, 2014), podemos, porém, fazer duas observações gerais em prol de suas necessárias ampliação e qualificação. A primeira é que, a exemplo das "classificações primitivas" estudadas em um texto clássico por Durkheim e Mauss -as quais articulam simultaneamente o indivíduo e a sociedade, o corpo e a alma, os vivos e os mortos, o passado e o presente, o macrocosmo e o microcosmo social -, a noção de sacrifício é o que articula as diferentes dimensões entre trajetória e obra em Mário de Andrade, transcendendo o estatuto de "tema" para o de "forma".…”
Section: Destino Intelectual E Cotidianounclassified
“…E a crítica, nesse passo, permeada de um senso das contingên-cias, deve acolher a dúvida e a surpresa, e, através do diálo-go e do contraponto, como a música, ser capaz de ritmar a repetição e a diferença, o mesmo e o diverso, o contínuo e o descontínuo, revelando, enfim, o humano, ondulante e dinâmico, dilacerado e inacabado, sob os caprichos da forma, transfigurado em silêncios e sons. *** Na obra e trajetória de Mario de Andrade, o sacrifício constitui a mediação que permite operar a passagem do individual para o social, do universal para o local, experimentados dramaticamente como dualidades que talvez devam, mas não podem, ser resolvidas (Fragelli, 2012). Daí o dilaceramento entre valor estético e função social da arte que perpassa o modernista paulista e que acaba por implicar o caráter paradoxal de seu sacrifício, o que, por sua vez, desloca o tema do cumprimento do destino intelectual, como o próprio autor reconhece ao passar em revista o movimento modernista em 1942: "Eis que chego a esse paradoxo irrespirável: tendo deformado toda a minha obra por um anti-individualismo dirigido e voluntarioso, toda a minha obra não é mais que um hiperindividualismo implacável!"…”
Section: Em Música Finalunclassified
“…Estamos aqui diante da recursiva tópica do "sacrifício", central para a compreensão da obra e da trajetória de Mário de Andrade, como vem indicando a fortuna crítica do autor (cf. Fragelli, 2010;Botelho & Hoelz, 2016). Mas vejamos a pista: a justificativa que Mário oferece para a necessidade de estabelecer essa distinção entre ideal e destino, para o fato dele ter de fazer de tudo um pouco a despeito do que gostaria, essa única justificativa concerne ao fato de que "si eu não der [alarma de tudo] os outros não dão".…”
Section: Introductionunclassified