O espaço da mulher negra na sociedade tem sido construído a duras penas e o modo como ela é representada nos meios de produção cultural colabora para a manutenção de esteriotipias e concepções reducionistas da sua real personalidade. Conceição Evaristo, por meio de uma escrita literária engajada, não só abre espaço para que seja ouvida a voz das mulheres negras, como também as dignifica, humaniza. A partir de estudos bibliográficos e do arcabouço teórico-metodológico da Semiolinguística, do linguista francês Patrick Charaudeau, procedemos com a análise do discurso do texto Isaltina Campo Belo, um dos 13 contos constantes no livro Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2011), que é totalmente protagonizado por mulheres. O conceito de imaginários sociodiscursivos foi mobilizado e a análise demonstrou que o texto literário da citada autora revela e ressemantiza, ao mesmo tempo, os imaginários que habitam a memória coletiva da sociedade brasileira. O corpus de análise constituiu-se, além do conto, de elementos paralinguísticos, como textos nos quais Conceição Evaristo explica seu estilo de escrita, a “escrevivência”, textos que abrangem teorias concernentes ao feminismo negro e interseccional, além do conceito de representações sociais, de Serge Moscovici, e de literatura engajada.